Esta tese teve como objetivo geral verificar a associação entre comportamentos relacionados ao
estilo de vida e indicadores de saúde física e mental por meio de abordagens integrativas em
adolescentes. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos
da Universidade Federal de Viçosa. Trata-se de um estudo transversal com adolescentes entre 15
e 18 anos, estudantes de cursos técnicos integrados ao ensino médio. O projeto de pesquisa incluiu
dois estudos distintos: microrregional e institucional. Em ambos os estudos, aferiu-se peso
corporal, estatura e circunferências de cintura e quadril. Foram calculados os valores de índice de
massa corporal e as relações cintura/quadril e cintura/estatura. Aferiu-se a pressão arterial e a
composição corporal foi estimada por fórmula específica. Comportamentos relacionados ao estilo
de vida foram avaliados por questionários. No estudo institucional foi incluída a monitoração
objetiva da atividade física (AF) e do comportamento sedentário (CS) com a utilização de um
acelerômetro por um período ininterrupto de sete dias. Os principais resultados oriundos do estudo
microrregional evidenciaram que 20,5% dos adolescentes foram incluídos nas classes de “Risco
moderado” e “Risco elevado” para o desenvolvimento de doenças cardiometabólicas.
Adolescentes com tempo de tela superior a 4 horas diárias apresentaram 4,39 vezes mais chances
de pertencerem a classe “Risco elevado”. Por outro lado, adolescentes incluídos na classe “Risco
baixo” apresentaram maior tempo em AF moderada a vigorosa (AFMV) por semana quando
comparados a classe “Risco moderado” (3 vs 1,5 horas), enquanto adolescentes da classe “Risco
elevado” exibiram maior CS (12 horas) durante o final de semana quando comparados as demais
classes. A análise do estudo institucional identificou três classes relacionadas ao estilo de vida,
sendo que a maioria dos adolescentes (≈72%) foi incluída nas classes com os piores parâmetros.
A classe “Inativa e sedentária” apresentou maiores escores de transtorno mental comum quando
comparada a classe “Ativa e não-sedentária” (6 vs 4 pontos). Meninas apresentaram 4,48 vezes
mais chances de pertencerem a classe “Inativa e sedentária” que os meninos. Adolescentes que
apresentaram sinais de transtorno mental comum tiveram 11,35 vezes mais chances de
pertencerem a classe “Inativa e não-sedentária” quando comparado a classe “Ativa e nãosedentária”. Já as meninas com sinais de transtorno mental comum tinham 9,2 vezes mais chances
de pertencerem a classe “Inativa e sedentária”, quando comparada a classe “Ativa e nãosedentária”. Por fim, a análise composicional indicou a associação entre a composição de
comportamentos de movimento realizados em 24 horas e os escores de depressão/ansiedade (p <
0,05). A substituição de 10, 30 e 60 minutos do tempo em CS para AF leve (AFL) reduziu os
escores de depressão/ansiedade em -0,06, -0,17 e -0,32, respectivamente; enquanto o oposto
aumentou estes escores em +0,06, +0,2, +0,44, respectivamente. Os resultados encontrados
evidenciam os prejuízos associados ao excessivo tempo em CS à saúde física e mental de
adolescentes, enquanto destacam o papel crucial da AF na promoção da saúde, mesmo que em
intensidade leve. Nesse contexto a AFL pode ser considerada como uma porta de entrada para
inserção de comportamentos ativos no cotidiano dos adolescentes.