O presente estudo teve como objetivo analisar as relações das habilidades de coping
e da qualidade do relacionamento treinador-atleta (RTA) com os sintomas clínicos de
burnout, estresse, ansiedade e sintomas de depressão em jogadores de futebol que
disputaram o Campeonato Baiano sub-20, por meio de três metodologias diferentes:
revisão sistemática (estudo 1), delineamento transversal (estudo 2) e prospectivo
(estudo 3). O estudo 1 buscou fortalecer a discussão sobre estudos que investigaram
as habilidades de coping em atletas de futebol, bem como sintetizar pesquisas sobre
o tema. Foi realizada uma busca sistemática nas seguintes bases de dados: Pubmed,
Web of Science, Scielo, Scopus, PsychINFO e SPORTDiscus. Os descritores
referentes aos termos (Habilidades de coping, Sport e Futebol) foram verificados na
base MeSH (Medical Subject Headings) e os critérios de inclusão utilizados foram: a)
Estudos empíricos publicados em periódicos científicos com revisão por pares; b)
Estudos publicados de novembro de 2014 a novembro de 2019; c) Com ao menos
uma medida quantitativa de resultados d) Estudos com amostras de atletas de futebol;
e) Artigos com referência específica ao tema ‘Habilidades de coping’. Os resultados
revelaram que as habilidades de coping interagiram com variáveis relevantes para o
bom desempenho no futebol de elite, tais como nível competitivo, talento esportivo,
psicopatologias. Concluiu-se que o desenvolvimento de algumas estratégias de
coping foram fundamentais ao atleta de elite, pelo fato das mesmas estarem
associadas positivamente com o desenvolvimento ótimo das variáveis analisadas nos
artigos sistematizados. O estudo 2 investigou o papel preditor das estratégias de
coping sobre os indicativos de bunout. Participaram 228 jogadores de 9 equipes, que
responderam os Questionários de Burnout para Atletas e o Inventário Atlético de
Estratégias de Coping. A análise de dados foi conduzida por meio das Equações de
Estimativas Generalizadas, correlação de Pearson e Regressão Linear Múltipla (p <
0,05). Os resultados indicaram que as estratégias de coping foram preditoras da
exaustão física e emocional e do reduzido senso de realização tanto em jogadores
profissionalizados, quanto em não profissionalizados, respectivamente. Concluiu-se
que o nível competitivo potencializa a magnitude das predições do coping sobre os
indicativos de burnout em jovens atletas de elite. Por fim, o estudo 3 investigou o papel
preditor da qualidade do relacionamento com o treinador e das estratégias de coping
sobre o estresse, ansiedade, burnout e depressão de 23 atletas de futebol, que responderam o Questionário de Relacionamento Treinador-atleta, o Inventário Atlético
de Estratégias de Coping, o Daily Analysis of Life Demands in Athletes, o Competitive
State Anxiety Inventory-2R, o Questionário de Burnout para Atletas e o Major
Depression Inventory no início e final da temporada. A análise de dados foi conduzida
por meio das Equações de Estimativas Generalizadas, correlação de Pearson e
Regressão Linear Múltipla (p < 0,05). Os resultados revelaram que do início para o
final da temporada o RTA e o coping foram preditores da ansiedade e estresse.
Conclui-se que, do início para o final da temporada, a magnitude dos fatores preditores
sobre algumas psicopatologias são potencializadas nos jovens jogadores de futebol
que se encontram na fase de transição de carreira.