Título:
Efeitos crônicos de 16 semanas de diferentes programas de treinamento no meio aquático sobre variáveis neuromusculares, cardiorrespiratórias, funcionais, de qualidade de vida e de função cognitiva em idosas: um ensaio clínico randomizado
Resumo:
O objetivo da presente tese foi investigar os efeitos crônicos de 16 semanas contínuas de treinamento apenas aeróbio em comparação a um treinamento aeróbio de 8 semanas seguido de treinamento combinado (força e aeróbio) nas 8 semanas subsequentes, em comparação a um grupo controle, sobre variáveis neuromusculares, cardiorrespiratórias, funcionais, de qualidade de vida (QV), hemodinâmicas e de função cognitiva em idosas. Para tanto, 52 voluntárias foram aleatorizadas na semana 1 em dois grupos: grupo de treinamento aeróbio (TA; n = 35) e grupo controle de atividades terapêuticas (GC; n = 17). O grupo TA foi randomizado novamente na semana 9 em TA (n = 17) e grupo de treinamento combinado (TC; n = 18). Os exercícios aeróbios foram executados em percentuais da frequência cardíaca (FC) do limiar anaeróbio e o treinamento de força foi realizado com séries em máxima velocidade. Foram realizadas medidas pré (semana 0), no meio (semana 9) e pós-intervenção (semana 17) da força muscular dinâmica máxima de membros inferiores e superiores, da ativação neuromuscular máxima do vasto lateral (VL) e do reto femoral (RF), da força isométrica voluntária máxima dos extensores de joelhos, da espessura e qualidade muscular dos músculos extensores de joelhos, da FC de repouso (FCrep) e da pressão arterial (PA) de consultório. Além disso, foram realizadas medidas pré (semana 0) e pós-intervenção (semana 17) da força resistente de membros inferiores e superiores, da capacidade cardiorrespiratória, da capacidade funcional, da QV e da função cognitiva. Os testes Generalized Estimating Equations (GEE) e post-hoc de Bonferroni (α = 0,05) foram utilizados e os dados foram analisados por protocolo e por intenção de tratar. Os resultados apresentados no presente resumo se tratam da análise por protocolo. Após as primeiras oito semanas de intervenção somente TA incrementou sua força dinâmica máxima de membros inferiores (8%) e ambos os grupos (TA e GC) incrementaram a força dinâmica máxima de membros superiores (2-3%) e a ativação neuromuscular máxima do VL (17-19%) de modo semelhante. Além disso, após as primeiras oito semanas de intervenção nenhuma modificação foi observada nos demais desfechos neuromusculares. Entretanto, o TC incrementou a espessura e a qualidade muscular do RF (2% e 3%, respectivamente), o TA manteve seus níveis e o GC diminuiu a espessura muscular do RF (-1%) após as últimas oito semanas de intervenção. No mesmo sentido, após as últimas semanas de intervenção a ativação neuromuscular máxima do VL foi incrementada para o TC (24%), mantida para o TA e reduzida para o GC (-14%). Ainda, após as últimas semanas de intervenção nenhuma modificação foi observada nos demais desfechos neuromusculares. Os dois treinamentos desenvolvidos impactaram positivamente os desfechos de capacidade cardiorrespiratória (17-32%), enquanto o GC, de modo geral, não modificou sua capacidade cardiorrespiratória. Após as 16 semanas de intervenção foram modificadas a força resistente de membros inferiores (entre -5 e 21%), de membros superiores (5-23%), a capacidade funcional (3-11%) e as respostas de PA (entre -4 e -10%) para os três grupos de modo similar. Entretanto, domínios da QV apresentaram melhoria significativa apenas nos grupos de treinamento. Além disso, alguns domínios específicos da QV foram mais impactados somente no TC. Observou-se manutenção na função cognitiva e na FCrep após as a intervenção nos três grupos. Portanto, a inclusão dos exercícios de força na periodização do treinamento gerou respostas positivas adicionais em parâmetros neuromusculares e de QV em comparação ao TA realizado isoladamente e ao GC. Além disso, o TA gerou adaptações positivas ou de manutenção em parâmetros neuromusculares e cardiorrespiratórios em comparação ao GC. Ambos treinamentos desenvolvidos foram igualmente efetivos para o incremento da capacidade cardiorrespiratória e todos os grupos tiveram adaptações positivas sobre as respostas de PA e de funcionalidade.
Abstract:
The objective of the present thesis was to investigate the effects of 16 continuous weeks of aerobic training alone compared to an 8-week aerobic training followed by combined training (i.e., resistance and aerobic exercises) in the subsequent 8 weeks, compared to a group control, over neuromuscular parameters, cardiorespiratory capacity, functionality, quality of life (QoL), hemodynamic and cognitive responses of older women. For this, 52 volunteers were randomized in week 1: aerobic training group (AT; n = 35) and control group of therapeutic activities (CG; n = 17). In week 9, AT group was randomized again into AT (n = 17) or combined training (CT; n = 18). Aerobic exercises were performed in the percentage of the heart rate (HR) corresponding to the anaerobic threshold and resistance training was performed with sets at maximal effort. Measures were taken before (week 0), in middle timepoint (week 9) and postintervention (week 17) of maximal dynamic strength of lower and upper limbs, maximal neuromuscular activity of vastus lateralis (VL) and rectus femoris (RF), maximal isometric strength of the knee extensors muscles, muscle thickness and quality of knee extensors, HR at rest (HRrest) and blood pressure (BP). In addition, measures were taken before (week 0) and postintervention (week 17) of endurance strength of lower and upper limbs, cardiorespiratory capacity, functional capacity, QoL and cognitive function. Generalized Estimating Equations (GEE) and Bonferroni post-hoc tests (α = 0.05) were used and the data were analyzed per protocol and per intention to treat. The results of per protocol analysis are presented in the abstract. After the first eight weeks of intervention only AT improved the maximal dynamic strength of lower limbs (8%) and both groups (AT and CG) improved the maximal dynamic strength of upper limbs (2-3%) and the maximal neuromuscular activity of VL (17-19%) in a similar way. In addition, after the first eight weeks of intervention no changes were observed in the other neuromuscular outcomes. However, CT increased the RF muscle thickness and quality (2% and 3%, respectively), AT maintained and CG decreased the RF muscle thickness (-1%) after the last eight weeks of intervention. In the same way, after the last weeks of intervention, the maximal neuromuscular activity of VL was increased in CT (24%), maintained in AT and reduced in CG (-14%). After the last eight weeks of intervention no changes were observed in the other neuromuscular outcomes. Both training programs positively impacted the cardiorespiratory capacity outcomes (17-32%), while, in general, CG did not change the cardiorespiratory capacity. After the 16 weeks of intervention, the endurance strength of lower limbs (between -5 and 21%), upper limbs (5-23%), functional capacity (3-11%) and BP responses (between - 4 and -10%) were modified similarly in all groups. However, QoL domains showed significant improvement only in training groups. In addition, some specific QoL domains were more impacted only in CT. Maintenance of cognitive function and HRrest was observed after intervention in the three groups. Therefore, the inclusion of resistance exercises in the training periodization promoted additional positive responses in neuromuscular and QoL parameters when compared to AT performed alone and CG. In addition, AT resulted positives adaptation or maintenance of neuromuscular and cardiorespiratory parameters compared to CG. Both trainings were similarly effective to increase cardiorespiratory capacity and all groups promoted positive adaptations in BP and functionality responses.