O alongamento passivo é rotineiramente prescrito para pessoas de diferentes
faixas etárias e condições clínicas. Porém, não são conhecidos os efeitos
simultâneos que ocorrem na cartilagem da articulação envolvida e no osso em
resposta à força aplicada para alongar o músculo, assim como não são claros
se existe a interação dos fatores idade e número de sessões. Objetivo: Avaliar
os efeitos simultâneos do alongamento passivo na histomorfometria do músculo
sóleo, cartilagem da articulação talocrural e tíbia de ratas adultas e envelhecidas.
Método: Rattus norvegicus wistar albino fêmeas com 28 meses (ratas
envelhecidas) e 3 meses de idade (ratas adultas), foram divididas em 4 grupos:
adultas 2 semanas (GA2; n=7, 254,4±18,5g); adultas 4 semanas (GA4; n=7,
251,2±16,7g); envelhecidas 2 semanas (GE2; n=7; 307,2±48,3g) e envelhecidas
4 semanas (GE4; n=8; 297,1±24,7g). As ratas foram submetidas à 6 e 12
sessões de alongamento mecânico passivo estático com volume de 240
segundos cada. A articulação talocrural esquerda foi posicionada em dorsiflexão
máxima por meio de um aparato que também possuía uma célula de carga e
registrava a força aplicada para promover o alongamento. A pata contralateral
foi utilizada como controle já que não foi alongada. O alongamento foi realizado
3x/semana (4 repetições de 60s intervaladas por 30s). Foram avaliados: massa
corporal; massa muscular absoluta e relativa; comprimento muscular; número de
sarcômeros em série e comprimento do sarcômero; área de secção transversa
da fibra muscular (ASTFM); imunomarcação de colágeno 1 e 3, Fator α de
necrose tumoral (TNF-α) e fator transformador de crescimento b (TGF-b1); área
de tecido não contrátil intramuscular; espessura da cartilagem; número de
condrócitos; área do canal medular; espessura do osso cortical; número de
osteócitos e número de lacunas cheias e vazias. Foi realizado o teste ANOVA
de três vias com os fatores idade (adultas, envelhecidas), número de sessões (6
e 12 sessões) e condição experimental (sóleo alongado e sóleo não alongado).
Quando interação significativa foi observada, teste de Bonferroni para múltiplas
comparações foi realizado. Resultados: No GE2 foi observada redução (26,4%)
da ASTFM. No GA2 foram encontradas diminuição (8%) da ASTFM e da
espessura da zona profunda da cartilagem (43,7%) e aumento da espessura da
zona superficial (2%). No GE4, os achados foram redução (16,8%) da ASTFM,
maior imunomarcação de colágeno 3 (32,5%) e TNF-α (78,7%), número de
condrócitos (50,4%) e menor imunomarcação (63%) de TGF-b1 em comparação
ao membro não alongado. No GA4, os efeitos observados foram diminuição
(59,6%) da imunomarcação do colágeno 1 e do TNF-α (66,6%), da espessura
da zona superficial e (13,8%) e do número de osteócitos (41,5%). Conclusão:
O alongamento do músculo promove efeitos no trofismo muscular, mas efeitos
também são observados em cartilagem e osso os quais são dependentes da
idade e do tempo. Respeitando as devidas limitações e extrapolações, sugerese
que o músculo, a cartilagem e o osso envelhecidos, são menos mecanosensíveis
ao alongamento e/ou levam mais tempo para responder ao alongamento.