A aderência à prática de atividade física da pessoa com deficiência no Brasil é um tema amplo
e de interesse de diversos setores acadêmicos. O presente trabalho tem como contexto as
unidades de Reabilitação da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação. Crianças e adolescentes
com deficiência física, assim como suas famílias, tendem a aderir à prática de atividades
físicas quando há condições estruturais e pessoais que os tornem mais confiantes e
autônomos. A frequência de participação em programas de reabilitação é fundamental para o
alcance dos objetivos esperados em cada etapa do processo de reabilitação. O objetivo deste
trabalho foi identificar fatores que favoreçam a frequência desta população às atividades
físicas. Foram coletados dados no Sistema de Informação Hospitalar e no Prontuário Médico
Eletrônico. O estudo é retrospectivo e transversal, com uma amostra de 472 pacientes
atendidos em sistema ambulatorial, por professores de educação física, entre julho de 2012 a
julho de 2017. Os resultados caracterizaram a amostra: 55,3% do sexo masculino, idade de
9,98 anos, 50,7% com Paralisia Cerebral, 39% frequentaram atividades aquáticas, 57,4% com
ensino fundamental completo ou incompleto, 55,1% não utilizavam auxílio locomoção,
94,9% possuíam rede de apoio e a mãe foi a principal responsável em 61,7% dos pacientes.
Na comparação entre os grupos com ≥ 50%. e < 50% de frequência às atividades físicas,
houve diferença significativa no principal responsável, na rede de apoio, no uso de auxílio
locomoção, no nível de escolarização e no atraso ou não na seriação do paciente. Não foram
observadas diferenças significativas em idade, sexo, sistema de ensino, presença de irmãos,
atividade laboral e escolarização dos pais, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da
cidade de residência e distância da residência até a unidade da Rede Sarah, entre os que mais
e menos frequentam. Foi observada, também, diferença significativa entre as médias de IDH
do município de residência. O estudo concluiu que pacientes acompanhados pelos dois
responsáveis, que são funcionalmente mais comprometidos e que participaram de atividades
físicas voltadas para o desenvolvimento e manutenção de força, flexibilidade e resistência
cardiovascular apresentaram uma melhor frequência às atividades físicas. Estes resultados
contribuem para instigar reflexões nos seguimentos da sociedade que se propõe a oferecer
serviços de atividades físicas de forma igualitária e humanizada a crianças e adolescentes com
deficiência física.