Os desafios da implementação da Lei nº 10.639/2003 diante do racismo existente e perpetuado na sociedade, em especial nas escolas, a falta de reconhecimento histórico e cultural das africanidades nas abordagens dos conteúdos no ensino de geografia, distanciamento dos mundos da vida dos alunos/as no contexto escolar, motivaram essa pesquisa que buscou compreender, no ensino de geografia, a sala de aula como espaço de reflexão associado à africanidades no território de Aracati nos mundos da vida dos alunos e alunas e do professor de geografia Assim, trata-se de uma abordagem de pesquisa qualitativa que através do método Geoetnográfico de pesquisa da autora Ângela Fagna Souza (2013), tendo como sujeitos alunos/as do ensino fundamental II, o professor de geografia e
representes da cultura local da comunidade da praia de Quixaba, foi possível imaginar o que encontraria na escolar, ouvir o que diziam sobre, observar como parte integrante do grupo, analisar e tecer contribuições sobre o entrecruzamento de olhares entre as africanidades, a geografia e o mundo da vida, no qual Jürgen Habermas (1999, 1987) classifica em mundos que abarcam a personalidade, a sociedade e a cultura. Nesse raciocínio, o texto traduz-se em inquietações sobre o direito do educando de conhecer uma África desestiguimatizada e valorizada através da geografia, portanto utiliza-se como principais referenciais teóricos, Sandra Haydée Petit (2015), Kabeguele Munanga (2005), Petronília Beatriz Gonçalves e Silva (2013) dentre outros que contribuíram para uma análise sobre a necessidade de reconhecimento étnico como forma de desconstrução de saberes eurocentrados para a
construção de novos paradigmas inclusivos. Dessa forma os resultados se apresentaram através de uma narrativa da realidade escolar pelo eu autônomo, conclusões que reforçaram ou dissolveram as imagens ou os saberes sociais, de forma a perceber que o ensino de geografia e suas conexões com africanidades habitam num abismo ainda segregacionista e de difícil conexão, notado no não reconhecimento étnico e ao não pertencimento e vislumbramento das africanidades tão presentes na comunidade, entre os alunos e, mesmo que despercebido, pelo professor e esse abismo torna ainda mais desafiador a aplicação da Lei 10639 na escola, mas não impossível.