A tese que aqui se apresenta sustenta-se nos argumentos que comprovam que há no projeto de formação profissional, expresso nas diretrizes curriculares da ABEPSS de 1996, uma apreensão acerca dos Fundamentos do Serviço Social, a qual foi sendo amadurecida no percurso histórico da profissão no Brasil. Logo, a leitura dos Fundamentos do Serviço Social, aqui realizada, parte da unidade articulada dos três núcleos de fundamentação: teórico-metodológico da vida social; da formação sócio-histórica da sociedade brasileira; e, do trabalho profissional; expressos nas diretrizes. A tese parte das bases sócio-históricas da construção do projeto de formação profissional, com destaque: ao projeto de formação da Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Minas Gerais (1971), do Método BH (1974), das convenções da ABESS nas décadas de 1970 e 1980, assim como, da implantação e auto-avaliação do currículo mínimo da ABESS de 1979/1982. A pesquisa documental que, entre outros elementos, permitiu a formulação da tese, foi realizada por meio dos relatórios regionais do Projeto ABEPSS Itinerante, desenvolvido no ano de 2016, em 25 unidades da federação, que tinha por tema: Fundamentos do Serviço Social em Debate: trabalho e formação profissional. Esse percurso da pesquisa permitiu destacar as evidências que constam no projeto de formação e que se configuram como Fundamentos do Serviço Social. Os relatórios do Projeto ABEPSS Itinerante revelam, todavia, dois movimentos do real. São eles: 1) os elementos da conjuntura que ao precarizarem o trabalho e a formação – em suas particularidades – ―disfarçam as evidências” na leitura dos fundamentos como unidade articulada dos núcleos de fundamentação e, assim, podem comprometer uma formação e uma prática profissional vinculadas a essa leitura dos fundamentos, reverberando em uma formação fragmentada e uma prática profissional que não consegue dialogar com os fundamentos, ainda que busque fazê-lo e, 2) uma tendência que ―nega as evidências” destacadas a partir da unidade dos núcleos de fundamentação e, ao fazê-lo, nega a perspectiva de totalidade presente no projeto de formação, assim como a perspectiva histórica e o significado social da profissão, entre outros elementos ancorados na perspectiva crítico-dialética. Tal negação do projeto de formação possui uma base conservadora em sua face pós-moderna. O que se pode concluir é que há grandes desafios postos à unidade articulada dos núcleos de fundamentação. Contudo, não há respostas a esses desafios fora da direção social do referido projeto.