O filme lacrimal pré-corneano (FLPC) é de importância vital para manutenção da saúde da superfície ocular, entretanto, trata-se de uma estrutura complexa e de baixo volume o que por vezes dificulta a sua avaliação, portanto, é importante entender de forma completa a fisiologia do filme lacrimal. Testes para a avaliação quantitativa do FLPC são utilizados de forma rotineira em Medicina Veterinária, contudo, testes que avaliem a qualidade da lágrima são desafiadores, por possuírem técnicas complexas ou que demandem alto custo de aparelhagem. O teste de cristalização da lágrima apesar de ser um teste classificado como laboratorial, possui aplicabilidade na rotina clínica, e pode trazer informações indiretas importantes em relação a composição bioquímica bruta do FLPC. Diversos estudos atestam a sua aplicabilidade e reprodutibilidade, o teste consiste em deixar uma gota de lágrima secar sobre uma lâmina de microscopia e avaliar o padrão de cristalização assumido pela amostra, padrão similar a “folhas de samambaia”. A classificação dos padrões de cristalização se dá de acordo com a densidade das formações dos cristais, e é comumente realizada a partir da escala proposta por Rolando, todavia, mais recentemente uma nova escala, a escala de Masmali, Murphy e Purslow, foi desenvolvida a fim de melhorar sua aplicação na rotina clínica. Não há um consenso na literatura em relação a metologia a ser empregada para a obtenção de lágrima, e não existem relatos na literatura em relação ao uso do TC em cães. Foram avaliadas três metodologias de colheita de lágrima (schirmer, microcapilar e micropipeta) e aplicada duas escalas de classificação da cristalização em cães hígidos. A colheita de lágrima para o TC demonstrou-se possível e é factível a utilização de ambas escalas na classificação do fenômeno de cristalização em cães.