Fundamentação: O exercício aeróbio contínuo é uma das principais recomendações não
farmacológicas para a prevenção e tratamento da hipertensão arterial sistêmica. O exercício aeróbio
contínuo é seguro do ponto de vista cardiovascular e eficaz para reduzir a pressão arterial
cronicamente, bem como nas primeiras horas após sua realização, fenômeno conhecido por
hipotensão pós-exercício. O exercício intervalado de alta intensidade também proporciona hipotensão
pós-exercício. A partir disso, a presente tese tem o objetivo de comparar e sumarizar o efeito agudo do
exercício aeróbio contínuo vs exercício intervalado de alta intensidade sobre a hipotensão pós-exercício
(clínica e ambulatorial) por meio de uma revisão sistemática e metanálise.
Métodos: Realizou-se uma revisão sistemática e metanálise de estudos publicados em revistas
indexadas nas bases PubMed, Web of Knowledge, EMBASE, Scopus e Cochrane CENTRAL até maio
de 2020, que compararam a magnitude da hipotensão pós-exercício entre o exercício aeróbio contínuo
versus exercício intervalado de alta intensidade. A hipotensão pós-exercício clínica foi definida entre
45-60 minutos pós-exercício. Já a hipotensão pós-exercício ambulatorial foi definida entre 14 e 24 horas
pós-exercício. As diferenças entre grupos sobre a pressão arterial foram analisadas por meio do modelo
de efeito aleatório. Os dados foram reportados como diferença média ponderada (WMD) e 95% de
intervalo de confiança (IC %95). Um p-valor menor que 0,05 foi considerado estatisticamente
significativo. A escala TESTEX (0-15) foi usada para verificar a qualidade metodológica dos estudos.
Resultados pressão arterial clínica: Maiores reduções sobre a pressão arterial sistólica e diastólica
foram observadas nos indivíduos normotensos (-1,12 e -1,17 mmHg), pré-hipertensos (-2,76 e -1,20
mmHg) e hipertensos (-6,53 e -1,67 mmHg) após a realização do exercício intervalado de alta
intensidade, quando comparado ao exercício aeróbio contínuo. A metanálise demonstrou efeito
significativo do exercício intervalado de alta intensidade sobre o exercício aeróbio contínuo na pressão
arterial sistólica de indivíduos pré-hipertensos (WMD: -3,35 mmHg [IC 95%: -6.38, -0,33], p = 0,003) e
hipertensos (WMD: -4,63 mmHg [IC 95%: -8.96, -0,30], p = 0,004).
Resultados pressão arterial ambulatorial: os resultados da metanálise demonstraram que o
exercício intervalado de alta intensidade gerou hipotensão ambulatorial pós-exercício de maior
magnitude sobre a pressão arterial sistólica (média e período vigília) e diastólica (período vigília), em
comparação ao exercício aeróbio contínuo.
Conclusão: Tanto o exercício intervalado de alta intensidade como o exercício aeróbio contínuo
proporcionaram hipotensão pós-exercício clínica e ambulatorial nos diferentes grupos analisados. No
entanto, o exercício intervalado de alta intensidade demonstrou hipotensão pós-exercício clínica de
maior magnitude principalmente sobre a pressão arterial sistólica de indivíduos pré-hipertensos e
hipertensos. Em relação a hipotensão ambulatorial, o exercício intervalado de alta intensidade gerou
hipotensão de maior magnitude sobre a pressão arterial sistólica (durante a média e vigília) e diastólica
(durante a vigília) quando comparado ao EC.