O objetivo deste trabalho foi analisar de forma longitudinal as associações da
autoeficácia, do apoio social e do ambiente com a atividade física de adolescentes
de João Pessoa (PB), bem como verificar o efeito moderador do sexo e idade nestas
associações. Este é um estudo observacional longitudinal, com dados do “Estudo
Longitudinal sobre Comportamento Sedentário, Hábitos Alimentares, Atividade
Física e Saúde de Adolescentes” (LONCAAFS). A amostra foi composta por
adolescentes de 10 a 14 anos de idade, de ambos os sexos, matriculados no sexto
ano do ensino fundamental das redes municipal e estadual de ensino do município
de João Pessoa (PB) no ano de 2014, e que foram acompanhados nos anos de
2015, 2016 e 2017. A coleta de dados foi realizada nas escolas no horário regular de
aula. Um questionário em forma de entrevista face a face e medidas antropométricas
(peso e estatura) foram realizados por equipe treinada, seguindo protocolo
padronizado. As variáveis consideradas na caracterização da amostra e para os
ajustes foram sexo, idade, cor da pele, classe econômica, tempo de residência no
bairro e estado nutricional. As variáveis autoeficácia, apoio social e ambiente foram
mensuradas por escalas de 4, 15 e 15 itens, respectivamente. A atividade física foi
mensurada pelo Questionário de Atividade Física para Adolescentes (QAFA). Os
dados foram duplamente digitados no EpiData 3.1, com checagem de consistência e
amplitude. Equações de estimativas generalizadas foram utilizadas para comparar
os valores médios dos escores de cada uma das variáveis ao longo dos quatro anos
do estudo e testar as associações (individuais e sinérgicas) entre autoeficácia, apoio
social do pai, mãe e amigos, percepção do ambiente e atividade física dos
adolescentes. Os escores médios de autoeficácia (β=0,005; p<0,001), percepção de
disponibilidade de locais para a prática (β=0,138; p<0,001), segurança no trânsito
(β=0,103; p<0,001) e segurança social (β=0,161; p<0,001) apresentaram tendência
linear de aumento. Os escores médios de apoio social do pai (β=-0,548; p<0,001),
da mãe (β=-0,513; p<0,001), de amigos (β=-0,282; p<0,001) e de prática de
atividades físicas (β=-60,3; p<0,001) apresentaram declínio. O apoio social
apresentou associação positiva com a atividade física dos adolescentes tanto
individualmente (pai β=24,88; p<0,001, mãe β=21,63; p<0,001 e amigos β=20,41;p<0,001) quanto de forma sinérgica (β=36,17; p<0,001). A autoeficácia se associou
de forma negativa (β=-34,16; p<0,001). Individualmente, os itens de percepção do
ambiente não foram associados com a atividade física dos adolescentes, mas,
quando combinados, foi encontrada uma associação negativa (β=-3,68; p<0,001). O
escore global da autoeficácia, apoio social e percepção do ambiente se associou
positivamente com a atividade física dos adolescentes (β=161,56; p<0,001).