Tradicionalmente, os processos de ensino e aprendizagem em diversos setores têm se pautado
na centralidade do professor, em que conteúdos, propósitos e atividades estão previamente
delineados e são repassados aos praticantes. No âmbito esportivo, soma-se a tal premissa ao
viés técnico de aprendizagem de habilidades esportivas. No entanto, importantes teorias vêm
discutindo as consequências do referido método e, influenciados pelo viés da Pedagogia do
Esporte, os processos centrados no aluno/praticante tem crescido consideravelmente, sobretudo
em projetos esportivos com viés formativo e/ou iniciação esportiva. Nele, os aprendizes são
ativos, ou seja, têm maior participação em seu aprendizado e em suas próprias
responsabilidades. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar duas metodologias de ensino
(centrada no aluno e centrada no professor) aplicadas a um projeto de ginástica para todos. O
estudo caracterizou-se como uma pesquisa-ação participante, com aulas divididas em dois
grupos mistos de crianças e adolescentes (6 a 12 anos): turma CA - aulas centradas no aluno;
turma CP - aulas centradas no professor. A coleta de dados foi dividida nas seguintes etapas: a)
diários de campo, nos quais os monitores e professores registraram por meio da linguagem oral
(mídia social WhatsApp) e escrita (e-mail e caderno de anotação) as percepções acerca de cada
aula; b) roda de conversa no final de cada aula com pequenos grupos de praticantes (gravadas
em vídeos), cada qual realizada por um monitor; c) reunião didático-pedagógica com os
monitores, no dia posterior à intervenção - que balizavam as aulas subsequentes; e) e, por fim,
grupo focal com dois representantes de cada minigrupo de apresentação pré e após a
participação em um festival de GPT. Para a análise dos dados, adotamos a análise temática,
com a criação de categorias, inicialmente para cada discurso e, posteriormente, para todas de
maneira geral. Para validade e confiabilidade dos dados, durante toda a coleta tivemos o
acompanhamento de um critical friend, que emitiu feedbacks externos sobre o processo e tratou
de fortalecer nossa neutralidade ao analisar cada método. Antes das reuniões didáticopedagógicas, cada pesquisador analisava as entrevistas dos praticantes e diários dos demais
colegas para explanar os temas mais salutares. Posteriormente, cruzávamos as informações e
chegávamos a temáticas mais recorrentes. Os resultados indicaram 3 aspectos a serem
discutidos: 1) Os 4F’s, 2) Composição Coreográfica e 3) O desafio do processo ensinoaprendizagem: Mediação. Apoiados nos resultados deste estudo, podemos assumir que o ensino
centrado no aluno proporcionou reflexão sobre as próprias ações no grupo, senso de
coletividade, além de despertar a criatividade e autonomia.