Nas últimas décadas houve modificação no estilo de vida da população infanto juvenil, com
diminuição da alimentação saudável e da prática de atividades físicas, o que pode acarretar em
medidas antropométricas excessivas e potencial associação ao aumento da pressão arterial (PA).
Portanto, a análise dessas relações é fundamental para o diagnóstico em escolares e estabelecer
medidas precoces de prevenção. Neste sentido, a presente investigação teve como objetivos: i)
analisar a associação entre estilo de vida, nível de atividade física e comportamento alimentar
em adolescentes; ii) avaliar a relação entre indicadores antropométricos de obesidade e o
comportamento alimentar em adolescentes; iii) verificar a associação da PA elevada entre pais e
filhos com o nível de atividade física em crianças e adolescentes; iv) avaliar a relação entre a
obesidade, o nível de atividade física e hipertensão arterial (HA) em crianças e adolescentes.
Estudo de caráter descritivo transversal exploratório realizado com 336 crianças e adolescentes,
com idades entre 11 e 17 anos, de ambos os sexos, provenientes de escolas particulares do
estado Paraná – Brasil. As variáveis estudadas foram idade, sexo, massa corporal, estatura,
índice de massa corporal (IMC) e escore z (IMC-z), circunferência da cintura (CC), razão cinturaestatura
(RCEst) e PA, atividade física e alimentação. O perfil do estilo de vida foi avaliado por
meio do questionário “Perfil do Estilo de Vida Individual” (PEVI), o comportamento alimentar pelo
“Questionário ELSA- Brasil” reduzido e o nível de atividade física pelo “International Physical
Activity Questionnaire” (IPAQ) - versão curta. Foi considerado hipertenso o avaliado com a PA
sistólica (PAS) e/ou diastólica (PAD) superiores ao percentil 95 por sexo, idade e estatura ou
≥120/80 mmHg. Foram utilizados os testes de estatísticos de Mann-Whitney, t-Student, Quiquadrado,
odds ratio (OR) e Correlação de Pearson, com significância de 5%. Os principais
resultados evidenciaram que 35,11% dos participantes apresentaram excesso de peso, 13,39%
CC elevada, 40,2% foram considerados insuficientemente ativos em atividade física moderada
vigorosa (AFMV) e 31,5% apresentaram PEVI desfavorável. Dos 336 escolares, 118 pais
responderam ao questionário de HA (35%), dos quais 34,7% possuem histórico familiar de HA.
Foram identificados que 40,5% das crianças e adolescentes apresentaram HA e as chances
foram relacionadas à CC elevada (OR=6,11; IC95%:2,59-14,42) e ao excesso de peso (OR=2,91;
IC95%:1,76-4,79), entretanto, os que praticavam atividade física apresentaram menor risco de
PAD elevada (OR=0,33; IC95%:0,15-0,72). Conclui-se na presente investigação que as
frequências de excesso de peso e da baixa participação em atividades físicas foram consideradas
elevadas. Ademais, a prática de AFMV parece demonstrar efeito protetor sobre a PAD, porém
maiores valores de PAS estão associados ao histórico familiar de HA. Dessa forma, ressalta-se a
importância da conscientização da qualidade do estilo de vida na família, para que surjam ações
que incentivem maior adesão aos hábitos saudáveis com o objetivo de promover e proteger a
saúde, bem como reduzir futuras vulnerabilidades em crianças e adolescentes.