As características do sono, a prática de atividades físicas e o tempo de tela diários
são variáveis relacionadas à saúde em adolescentes. O objetivo do estudo foi
avaliar a frequência da sonolência diurna excessiva (SDE) em estudantes de
Educação em Turno Parcial (ETP) ou Integral (ETI) presenciais, de acordo com
adiposidade, nível de aptidão física e tempo de tela diário. Participaram desta
pesquisa 277 adolescentes, sendo 93 estudantes de ETP e 184 de ETI, de ambos
os sexos, na faixa etária de 10 a 19 anos. Todos os alunos foram avaliados quanto
à estatura (cm), massa corporal (kg), circunferência da cintura (CC), força máxima
de preensão manual (kgf) e flexibilidade. Calcularam-se o índice de massa corporal
escore Z (IMC-z) e a relação cintura e estatura (RCEst). Foi aplicado o teste shuttle
run de 20 metros (SR-20 m) para avaliar o consumo de oxigênio pico (VO2pico) e a
classificação da aptidão cardiorrespiratória (APCR) em satisfatória e fraca. As
respostas aos questionários Pediatric Daytime Sleepiness Scale e Questionário de
Cronotipo de Munique foram utilizadas para avaliar o tempo de sono semanal
(TSS), no fim de semana (TSFS), assim como o tempo de tela semanal (TTS) e no
fim de semana (TTFS). Na análise de dados, realizou-se teste de normalidade de
Shapiro Wilk e de acordo com a distribuição das variáveis foram aplicados testes
paramétricos e não-paramétricos, bem como a regressão logística binária,
considerando significativo p<0,05. A frequência de SDE foi 67,9% nos escolares,
sendo que na ETP (78,5%) foi maior do que na ETI (62,5%, p<0,05). Em relação à
idade e características antropométricas, dentro do mesmo sexo, meninos e
meninas da ETP apresentaram maiores médias de idade, maturação, massa
corporal, estatura e IMC do que os da ETI (p<0,05), porém sem diferenças de IMCz
e RCEst. Os meninos da ETP apresentaram maiores médias para força manual, número
de voltas no SR20m do que os do turno integral (p<0,05), sem diferenças para
o VO2pico. Respectivamente, os meninos da ETP apresentaram maior
pontuação do PDSS (18,41 vs 15,22 pontos) e TTS (10,11 vs 6,79 horas/dia)
enquanto que os da ETI apresentaram maiores médias no TSS (7,62 vs 6,48
horas/dia, p<0,05). As alunas da ETI alcançaram médias maiores no VO2pico e
força manual do que as da ETP (p<0,05), enquanto que as meninas da ETP
revelaram maiores médias de TTS (10,03 horas/dia) do que as da ETI (6,12
horas/dia, p<0,05). Na comparação entre os sexos, a proporção de TSS <8,33
horas foi maior nos meninos (78,7%) do que em meninas (66,1%; p<0,05). A
proporção do TTS excessivo foi maior nos escolares com SDE (88,3%) do que sem
SDE (77,5%, p<0,05). Na amostra total, os escolares da ETP apresentaram
maiores proporções de SDE (78,5%) e TSS <8,33 horas (86%) do que a ETI
(62,5% e 66,3%, p<0,05). Destaca-se ainda que a ETI demonstrou maior proporção
de APCR satisfatória (76,1%) do que ETP (64,5%; p<0,05), bem como escolares
com APCR satisfatória apresentaram menor risco de SDE do que os com APCR
fraca (p<0,05). As variáveis que foram previsoras significativas para SDE foram o
sexo feminino (RC = 2,107), turno parcial (RC = 2,423), IMCz obesidade (RC =
3,402) e RCEst elevada (RC = 2,042). A APCR satisfatória demonstrou ser fator
protetor, pois reduz a chance de SDE (RC=0,62). Conclui-se que o maior tempo de
tela semanal acarretou em maior SDE, principalmente em escolares da ETP, talvez
pela inadequação do tempo em atividades fora da escola. Enquanto que os
escolares de ETI apresentaram melhor perfil de saúde, com menor frequência de
SDE, assim como maior tempo de sono semanal e APCR satisfatória.