O objetivo deste estudo foi analisar as possíveis associações entre características
sociodemográficas, de saúde, de conhecimento sobre as recomendações de
atividade física e laborais com o aconselhamento para a atividade física realizado
por profissionais da saúde da Atenção Primária à Saúde. Entre 2019 e 2020 foi
realizado um estudo transversal, com amostra de 148 profissionais da saúde de 15
Unidades Básicas de Saúde (UBS) da área urbana da cidade de São José dos
Pinhais-PR. O aconselhamento foi avaliado com a resposta dicotômica (‘’não’’ e
‘’sim’’) para a questão ‘’Durante suas consultas/visitas domiciliares, você realiza
regularmente aconselhamento para a prática de atividade física aos usuários?’’.
Foram analisadas variáveis sociodemográficas (sexo, faixa etária, estado civil,
escolaridade e nível socioeconomico), de saúde (índice de massa corporal e
atividade física realizada no tempo de lazer), de conhecimento sobre as
recomendações de atividade física (percepção do conhecimento sobre as
recomendações, relatar conhecer as recomendações e relatar de maneira correta
quais as recomendações) e laborais (possuir especialização em saúde pública ou da
família, tempo que trabalha na Unidade Básica de Saúde, média de pacientes
atendidos por dia e tempo médio de duração das consultas). Os dados foram
analisados com o teste qui-quadrado e o nível de significância foi mantido em 5%. A
prevalência de aconselhamento foi de 60,8%. ‘’Perguntar sobre o nível de atividade
física (100,0%)’’ e ‘’comentar sobre os benefícios da prática regular de atividade
física (98,9%)’’ foram os conteúdos mais prevalentes dentro do aconselhamento
realizado, e, ‘’Utilizar alguma estratégia para saber se o usuário está realizando
atividade física regularmente (6,7%)’’ foi o conteúdo menos prevalente. Entre as
barreiras percebidas que dificultam ou impedem os profissionais de realizar o
aconselhamento, ‘’falta de tempo na consulta/visita domiciliar (50,0%)’’ e ‘’falta de
materiais educativos (49,3%)’’ foram as barreiras mais relatadas, e não houve
nenhum relato para as barreiras ‘’não tem evidências sobre os benefícios da
atividade física’’ e ‘’não considera o aconselhamento como sua função’’. As variáveis
atividade física moderada no lazer (‘’≥ 10min/sem’’ p≤0,001), (‘’≥ 150min/sem’’
p≤0,001), atividade física total no lazer (‘’≥ 10min/sem’’ p≤0,001), (‘’≥ 150min/sem’’
p≤0,001), relatar conhecer as recomendações de atividade física moderada ou
vigorosa para a saúde (p≤0,001) e percepção de conhecimento sobre as
recomendações de atividade física moderada ou vigorosa (‘’ruim/muito ruim’’
p≤0,001) apresentaram associação estatisticamente significante com o
aconselhamento para a atividade física. Conclui-se que o aconselhamento para a
atividade física está associado com variáveis de saúde e de conhecimento sobre as
recomendações de atividade física. Este resultado pode contribuir para que ações
direcionadas sejam tomadas afim de emponderar os profissionais da saúde para que
realizem um aconselhamento de boa qualidade para a população.