O técnico administrativo em educação (TAE) é um servidor público que executa suas funções em uma instituição de ensino federal, como as Universidades e os Institutos Federais (IFs). O TAE pode exercer atividades mais orientadas para áreas específicas do cargo e ambiente organizacional ou relacionadas com a atividade-fim da instituição (a educação). Neste contexto, se autorreconhecer profissionalmente, isto é, compreender o sentido e o papel do seu trabalho na instituição, pode ser um desafio para muitos TAEs, já que estes executam funções específicas em um ambiente educacional, que, por ora, pode ser confundido com o ambiente administrativo/técnico/empresarial. Isto faz com que, muitas vezes, estes trabalhadores da educação isolem-se em suas atividades, sem o conhecimento do todo à que fazem parte, sem compreensão de que estão em uma escola. No entanto, a própria nomenclatura do cargo (técnicos administrativos em educação) já indica que estes são servidores da área da educação. Assim, esta pesquisa, bem como o produto educacional proposto e aplicado, tem como foco o estudo do autorreconhecimento profissional dos TAEs do Instituto Federal Sul-rio-grandense - Câmpus Camaquã (IFSul). O objetivo é compreender como esses TAEs estabelecem a relação entre atividades-meio, que desenvolvem em seu dia-a-dia, com a atividade-fim da instituição, de modo a verificar se estes se autorreconhecem como servidores da educação. É importante destacar que, de acordo com Paro (2011), o servidor da educação é aquele que compreende que realiza tanto as atividades-meio, quanto a atividade-fim da escola. Em relação à coleta de dados, esta contou com entrevistas semiestruturadas com doze TAEs do IFSul- Câmpus Camaquã (analisadas de forma inspirada na análise textual discursiva), pesquisa bibliográfica e documental. Os resultados revelaram a existência de uma dualidade, entre atividades-meio e atividade-fim, que dificulta a compreensão do TAE como servidor da educação. Além disso, a pesquisa identificou alguns aspectos externos e internos (departamentalização da instituição, a divisão do trabalho entre setores, o isolamento do servidor em suas atividades, o conhecimento escasso do TAE sobre o cargo e o IFSul, o desconhecimento do real propósito da educação profissional e tecnológica e do ensino médio integrado da instituição e a falta de oferta de uma capacitação geral sobre o IFSul e o cargo), que são determinantes para a construção, ou não, do autorreconhecimento profissional desses servidores. A partir dos resultados apresentados foi elaborado, aplicado e validado um produto educacional - um vídeo documentário - que se propôs ser um instrumento de ensino que possibilitasse uma capacitação geral para os TAEs sobre o IFSul e sobre seu próprio trabalho e cargo, para que assim, estes pudessem ampliar seus conhecimentos e, com isso, se autorreconherem como profissionais da educação. Ao final, conclui-se que existe a necessidade de se quebrar o paradigma de administração escolar vigente, que concebe uma diferenciação entre os profissionais da educação que realizam as atividades-meio e os que realizam a atividade-fim. É preciso, portanto, repensar a estrutura administrativa e pedagógica do Câmpus e promover momentos de compreensão sobre os sentidos do ser e do fazer de cada trabalhador da educação no IFSul.