Esta dissertação, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e
Tecnológica (ProfEPT), constitui-se em investigação de Mestrado, na linha de pesquisa Práticas
Educativas em Educação Profissional e Tecnológica (EPT), macroprojeto 2 – Inclusão e
diversidade em espaços formais e não formais de ensino. Assume como problema analisar como
são reconhecidos e vivenciados casos de assédio moral a servidoras do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) e quais seus desdobramentos junto
a ações e políticas institucionais. Para tanto, a investigação assumiu como procedimentos
metodológicos a pesquisa documental em fontes primárias, como o Regimento Geral do IFSul
e o Regulamento do Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual (NUGEDS), em relação a
legislações, diretrizes e orientações normativas que tratam sobre assédio moral no trabalho a
fim de reconhecer políticas, procedimentos e ações adotadas institucionalmente. Após esse
movimento, buscou-se reconhecer junto a servidoras percepções sobre suas trajetórias
relacionadas à Educação Profissional e Tecnológica (EPT), dificuldades e desafios enfrentados,
bem como compreender percepções sobre desdobramentos de política e ações institucionais em
desenvolvimento. Assim, foram realizadas entrevistas com quatro servidoras pertencentes ao
Coletivo Ellas e uma servidora responsável pelas políticas de inclusão do IFSul. Para fins de
sustentação teórica, este estudo ancora-se às interlocuções dos referenciais sobre EPT com foco
nos Institutos Federais (KRUGER, 2008; PACHECO, 2021; RAMOS, 2008), sobre gênero
(LINS; MACHADO; ESCOURA 2016; LOURO, 1997 e 2014; SCOTT 1992 e 1995), sobre a
divisão sexual do trabalho (HIRATA 1995 e KERGOAT 2009) e sobre o assédio moral no
trabalho (HIRIGOYEN 2002, 2011, 2017a e 2017b). A partir da análise de conteúdo, a
investigação desdobrou-se em três categorias: educação, divisão sexual do trabalho e coletivo.
A partir das análises, desenvolveu-se como produto educacional um site, intitulado “Mulheres
em Pauta”, o qual visa promover o conhecimento acerca das lutas enfrentadas pelas mulheres
para garantia de direitos, bem como compreender o assédio moral e suas diferentes formas .As
narrativas fornecidas pelas entrevistadas revelam discursos de natureza contundente acerca dos
desafios que foram confrontados no que tange às manifestações de violência que as servidoras
experimentaram no contexto institucional do IFSul. Nesse contexto, descrevem a carência de
informações e políticas internas na referida instituição, que têm como resultado uma ausência
de abordagens estruturais e diretrizes claras para lidar com tais situações.