Vive-se uma epidemia de doenças crônicas, dentre elas, Hipertensão Arterial (HAS) e
Diabetes Mellitus do tipo 2 (DM2). Ambas podem antecipar ou maximizar desordens mentais
e físicas. Assim, o exercício físico vem sendo cada vez mais utilizado para minimizar tais
condições. Esta tese contempla três artigos distintos. O objetivo geral consiste em um rastreio
de aspectos relacionados às condições de saúde mental e física nos pacientes com HAS e
DM2, em situação de risco, atendidos no CEAE. Verificaram-se, também, possíveis
alterações mentais e físicas decorrentes de um treinamento de vinte semanas com exercícios
combinados, seguidos de destreinamento de mesmo período. No primeiro estudo, avaliou-se
120 pacientes hipertensos e diabéticos do tipo 2, sendo 78 mulheres com média de 60 anos e
42 homens com média de 64 anos. Com intuito de avaliar funções cognitivas, foi aplicada a
Bateria Breve de Rastreio Cognitivo (BBRC) e para verificar o nível de atividade física diária,
utilizou-se o pedômetro. O rastreamento do risco cardiovascular e do percentual de gordura
foi feito pelas variáveis: Índice de Conicidade (IC), Relação Cintura-Estatura (RCE), Body
Roundness Index (BRI) e Índice de Adiposidade Corporal (IAC). O BBRC apontou que 35%
da amostra apresentaram prejuízos na fluência verbal, 18% na memória tardia e 33% no
reconhecimento, sendo que as mulheres apresentaram piores resultados (p=0,025) nesta
última função cognitiva. Além disso, foi encontrado alto risco cardiovascular e excesso de
gordura corporal, além de alto comportamento sedentário. No segundo estudo, a mesma
amostra foi avaliada. Foram utilizados o Inventário de Ansiedade de Beck (IAB), o Inventário
de Depressão de Beck (IDB), o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) e para a análise da
atividade física, utilizou-se o pedômetro. Consideraram-se as mesmas variáveis
antropométricas do estudo anterior e o questionário de Pittsburgh (PSQI-BR) foi utilizado
para qualidade do sono. Logo, constatou-se maior traço de depressão (p=0,001) e pior
qualidade do sono (p=0,023) nas mulheres. Ademais, houve correlação do IDB e PSQI-BR
nas mulheres (p=0,002) e do IAB em relação ao IC (p=0,008), RCE (p=0,004) e BRI
(p=0,049) nos homens. O terceiro estudo caracterizou-se por ser experimental, contemplando
oito pacientes com média de 61 anos. Foram realizadas vinte semanas de treinamento com
exercícios combinados e, posteriormente, um destreinamento de mesmo período. Para avaliar
o efeito do exercício físico nas funções cognitivas e mentais, foram utilizadas a BBRC, IDB,
IAB e SRQ-20 e analisaram-se possíveis alterações nos aspectos: atividade física diária,
composição corporal,risco cardiovascular, capacidade física e parâmetros bioquímicos,
oriundos do treinamento e destreinamento. Como resultado, houve melhoras na memória
tardia (p=0,001); melhora significativa no aprendizado (p = 0,018), desde o início até o final
do destreinamento, assim como nos traços de depressão (p=0,008). Ocorreram, também,
melhoras na aptidão física, mesmo após o período de destreinamento, e no HDL (p=0,009).
Conclui-se, portanto, que se faz necessário dar maior atenção à saúde mental de hipertensos e
diabéticos do tipo 2, em situação de descontrole metabólico, e que o treinamento com
exercício físico combinado pode ser utilizado como instrumento eficaz contra comorbidades
físicas e neuropsiquiátricas.