Foram investigados cinco surtos de mortalidade pós-transporte de tambaquis oriundos de diferentes regiões do Amazonas. Neste primeiro ensaio, os peixes manifestaram sinais clínicos sugestivos de columnariose e foram analisados microbiologicamente através da estriagem de fragmentos de tecidos em meio ágar triptona soja (TSA) e Hsu-Shotts (MHS), incubados a 28°C/24h e 25°C/ até 5 dias, respectivamente. As colônias obtidas foram analisadas quanto às proteínas ribossômicas em espectrometria de massas Maldi-ToF e quanto ao genótipo predominante, com PCR-multiplex. A partir destes resultados, foi realizado um segundo ensaio para investigação de métodos preventivos às enfermidades bacterianas, com uso de aditivos na água de transporte. Foram usados o cloreto de sódio NaCl (8 g/L), óleo essencial (OE) de Melaleuca alternifolia (11,12 mg/L, diluído em álcool absoluto 1:9) e oxitetraciclina (TM700, 60 mg/L do princípio ativo), além de dois grupos controle (água do transporte, e álcool diluente). Os juvenis (25 peixes/saco, ± 7 cm, ± 0,94 g) foram transportados por 3 h em sacos plásticos de 5 L (1 L água, preenchido com O2 100%, simulando densidade adotada pelos produtores da região amazônica), com quatro réplicas em cada grupo. Após o transporte, os peixes foram estocados em 20 caixas (5 grupos, 4 réplicas), sem os aditivos e mantidos com alimentação diária (SID) até saciedade aparente, durante 30 dias. Os animais foram pesados e medidos (dias 0, 15 e 30) e o consumo de ração aferido diariamente para avaliação do desempenho produtivo. Foram realizadas avaliações diárias dos sinais clínicos, alterações comportamentais e mortalidades. Peixes recém-mortos foram submetidos à análise microbiológica e os isolados foram identificados por Maldi-ToF. As bactérias sugestivas de serem patogênicas foram selecionadas para um terceiro ensaio, do Postulado de Koch para confirmação da patogenicidade e confirmação da mortalidade após o transporte. Seis cepas (A. caviae, A. hydrophila, A. jandaei, C. freundii e F. columnare; OD600 = 0,500) foram selecionadas para o desafio, os quais foram inoculados intracelomaticamente com as bactérias, após realização da DL50 para padronização do inóculo (7 peixes/grupo; 0,1ml inóculo/ 10g de peso vivo). As bactérias foram re-isoladas e identificadas por MaldiToF. Após a identificação das bactérias, foi realizado um quarto experimento, o teste in vitro, para determinação das concentrações mínimas bacteriostáticas (CMI) e bactericidas (CMB) de cada aditivo contra cada cepa-alvo através da técnica de microdiluição em placas de ELISA. No primeiro estudo, constatamos que a F. columnare (genótipo IV) é o agente etiológico predominante no transporte de juvenis de tambaqui. No segundo estudo, o melhor status sanitário foi atribuído ao grupo transportado com sal, que apresentou 100% de sobrevivência do lote, além de ser o único grupo que não manifestou alterações comportamentais e sinais clínicos de doenças, consequentemente, apresentou maior ganho de peso e menor conversão alimentar quando comparado ao grupo transportado com oxitetraciclina, grupo que não diferiu dos demais quanto à presença de múltiplos agentes infecciosos (poli-infecção) nos peixes doentes e desempenho produtivo. No quarto estudo, certificamos que a ação do sal foi bactericida, enquanto a oxitetraciclina foi bacteriostática e o fitoterápico apresentou ação mista. Todas as cepas mostraram-se resistentes à oxitetraciclina. Este estudo estabelece informações fundamentais para o desenvolvimento da cadeia produtiva de tambaquis na região Norte, que é a maior produtora da espécie, e sugere que 0,8% de sal usado na água de transporte de tambaquis amazônicos, pode tornar esta etapa crítica mais eficiente e lucrativa, prevenindo a columnariose e enfermidades associadas (Aeromonas spp. e Citrobacter freundii) e interferindo de forma benéfica no desenvolvimento dos juvenis.