O objetivo da nossa pesquisa é mapear a produção acadêmica sobre o feminicídio em teses
e dissertações. Delimitamos como fonte de dados para a constituição do corpus os textos
disponíveis no Banco de Teses e Dissertações (BTD) da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES), no período de 2009 a 2018, sendo um dos objetivos
específicos levantar as tendências nas características e nas temáticas produzidas nos
discursos dessas investigações. O Brasil se encontra na 5ª posição no ranking mundial de
homicídio de mulheres; destas, a maioria é assassinada em decorrência da violência de
gênero, isto é, por razões da condição de sexo feminino, configurando o crime de
feminicídio. O feminicídio é um fenômeno democrático que atinge mulheres de todas as
classes sociais, contudo, há fatores de proteção que diminuem e fatores de vulnerabilidades
que aumentam as ocorrências do crime. Observamos que esta dissertação é de natureza
básica, exploratória, de procedimento metodológico predominantemente bibliográfico, de
abordagem quantitativa e qualitativa. Foi desenvolvida na linha de pesquisa Estudos de
Língua(gens) e Discurso, vinculado ao Projeto de Pesquisa intitulado Violência e Mídia Sulmato-grossense: Discurso, História, Memória. Fundamentamos a importância do nosso
estudo tendo em vista a crescente produção sobre a temática, pois entendemos que há a
necessidade de se construir um instrumento de análise que possa auxiliar futuros
pesquisadores. Além disso, esta investigação se justifica pela discussão sobre a produção
acadêmica acerca do feminicídio. Como resultado, concluímos que existe uma tendência de
se desenvolverem teses e dissertações (TDs) sobre “Aplicabilidade e eficácia da Lei do
Feminicídio” para atingir os objetivos de pesquisa, pois, das 63 TDs analisadas, 25, ou seja,
41% delas, foram classificadas nesse eixo temático. A região com maior índice de
feminicídio é a Norte, mas a que produziu mais TDs sobre o tema foi a Sudeste. Em relação
aos tipos de trabalhos, encontramos mais textos sobre o feminicídio em dissertações de
mestrados acadêmicos. A Instituição de Ensino Superior (IES) com mais trabalhos foi a
Universidade de Brasília (UnB), e a área de conhecimento com o maior número de TDs
acerca do assunto foi a do Direito. Constatamos, ainda, que houve um aumento após a criação
da Lei do Feminicídio, em 2015, e as mais interessadas no tema foram as mulheres, posto
que 80% dos autores e dos orientadores são do sexo feminino.