No final do século XX e no início do século XXI, sobretudo entre os anos
1991 e 2011, houve expressivas transformações no âmbito da tecnologia e das
ciências social, política e econômica. A sociedade tornou-se mais exigente e as
instituições públicas tiveram que responder adequadamente aos investimentos por
ela realizados. As Instituições de Ensino Superior também se engajaram nesse
contexto e tiveram que se readequar melhorando, por exemplo, a qualidade de seus
cursos, reduzindo seus custos, investindo em recursos humanos, tecnologia e
infraestrutura e principalmente revendo seus planejamentos e a gestão.
Concomitantemente a esse cenário, houve expansão do ensino superior
no país, tanto na esfera pública quanto na esfera privada. Segundo o Censo 2010
do Ensino Superior realizado pelo Inep, existiam 2.378 instituições de ensino no
país, dentre as quais 278 eram públicas e 2.100 privadas. Tratavam-se de mais de 6
milhões de alunos matriculados na graduação, número esse que em 2001 era de 3
milhões, o que significa que, de 2001 a 2010, o número de alunos matriculados nas
Instituições de Ensino Superior dobrou. Em 2013 mais que dobrou esse número.
Diante desse conjunto triplamente articulado – a expansão do ensino
superior, as transformações econômicas, tecnológicas e sociais e as exigências
mais rígidas por parte da sociedade, as Instituições de Ensino Superior tiveram que
adaptar suas estruturas para atender às demandas. Aparelhar-se com ferramentas
eficazes de planejamento e gestão foi uma das principais estratégias utilizadas até
porque é a prática menos custosa.
Essa pesquisa recortou o macrocenário que envolve essas questões de
modo que o viés do lucro, observado nas Instituições de Ensino Superior privadas,
não fosse analisado. O recorte acadêmico voltou-se para os modelos de
planejamento e gestão das Instituições de Ensino Superior públicas e confessionaiscomunitárias. Foram escolhidas nove Instituições de Ensino Superior para a
realização da investigação. A Universidade Estadual de Campinas, autarquia do
estado de São Paulo, mantida com recursos provenientes do ICMS. Foi também
escolhida a Universidade Federal de São Carlos, mantida com recursos públicos
federais, importante Instituição de Ensino Superior e uma das pioneiras no processo
de planejamento e gestão. Pelas mesmas razões, mas localizada em outra região,
foi escolhida a Universidade Federal de Santa Catarina e a Fundação Universidade
de Rondônia. Foram escolhidos dois Institutos Federais de Educação Superior, o
Instituto Tecnológico da Aeronáutica e o Instituto Federal de São Paulo. Por conta
da organização acadêmica e funcional peculiar, foi também incluída na pesquisa a
Universidade Federal do ABC. Por fim, duas Instituições de Ensino Superior
Confessionais, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e a
Universidade Presbiteriana Mackenzie. A partir de então, a investigação objetivada a
essas instituições foi realizada, basicamente, de duas formas. Uma delas se
desenvolveu por meio de análise dos Planos de Desenvolvimento Institucionais –
PDI de cada uma das universidades. A outra forma escolhida foi a análise a partir de
entrevistas com atores envolvidos nos processos de planejamento das instituições
selecionadas. Objetivou-se, assim, com esse recorte, examinar a gestão e o
planejamento das IES do Brasil.