A população de gatos nos domicílios está em franca expansão, podendo, em alguns anos, ultrapassar a população de cães. Por possuir como particularidade uma menor tolerância a manipulação e maior estresse sob contenção, torna-se necessário trabalhos que avaliem os efeitos de diferentes protocolos de sedação/contenção química. Os efeitos sedativos, cardiorrespiratórios, ecocardiográficos e hemogasométricos da dexmedetomidina e metadona associada ou não ao midazolam foram comparados. Dezoito gatos saudáveis, jovens (4,06±0,48 kg) foram sedados, de forma aleatória, com dois protocolos, pela via intramuscular: dexmedetomidina (5ug/kg), metadona (0,3 mg/kg) e midazolam (0,3 mg/kg) (DMTM, n=9) ou dexmedetomidina7 (7,5ug/kg) e metadona (0,3mg/kg) (DMT, n=9). Foram avaliados os seguintes parâmetros cardiorrespiratórios: frequências cardíaca e respiratória, pressões arteriais sistólica, média e diastólica, oximetria, temperatura retal, nos tempos basal, 5 e 10 minutos após a latência farmacológica. Os escore de sedação, analgesia e relaxamento muscular foram avaliados antes e 5 minutos após a latência farmacológica, enquanto a hemogasometria arterial e a ecodopplercardiografia foram avaliadas antes e após 10 ou 15 minutos, respectivamente. Para análise dos dados foi utilizado delineamento em parcelas subdivididas com teste ajustado para Tukey ou teste Wilcoxon (p < 0.05). Não houve diferença entre os protocolos em relação aos parâmetros cardiorrespiratórios, hemogasométricos, ecocardiográficos avaliados. Os escores de sedação, analgesia e relaxamento muscular também não diferiram entre os protocolos, sendo o grau de sedação, analgesia e miorrelaxamento considerado satisfatório em ambos. Após a administração dos protocolos de sedação, observou-se uma diminuição significativa da FC, chegando a uma redução máxima, no momento T10, em 46% e 53% nos grupos DMT e DMTM, respectivamente. A redução da frequência cardíaca impactou nos parâmetros ecocardiográficos como o DC, que reduziu 53% e 56% nos grupos DMT e DMTM, respectivamente. Houve redução significativa na PaO2, SaO2, F. Ej e F. enc em ambos os protocolos. A SpO2 reduziu significativamente após 5 minutos da sedação no grupo DMT, porém apresentando SpO2 média mínima de 92% em T5. A f diminuiu significativamente aos 5 e 10 minutos no grupo DMTM, enquanto a PaCO2 aumentou em ambos os grupos, indicando depressão respiratória provocada pelos fármacos. O presente estudo concluiu que ambos os protocolos, nas doses empregadas, resultaram em depressão cardiorrespiratória nos gatos após sedação e que ambos os protocolos podem ser recomendados para sedação clínica de felinos jovens e saudáveis, porém deve-se avaliar as particularidades dos animais frente à redução do débito cardíaco em mais de 50%.