Objetivo: o estudo teve como objetivo avaliar condições psicológicas de
adolescentes abrigados em termos de percepção da situação de abrigamento, níveis
de competência, problemas psicológicos e comportamentos pró-sociais. Métodos:
foram realizadas avaliações de 61 adolescentes, de 11 a 18 anos, moradores de
serviços de acolhimento da Baixada Santista (SP), sendo 34 meninas e 27 meninos.
Os sujeitos foram avaliados com uso dos seguintes instrumentos: entrevista de
discurso livre autobiográfico, questionário sobre dados psicossociais, YSR Youth
Self-Report for Ages 11-18 e EMPA - Escala de Medida de Pró-Socialidade.
Resultados: a análise dos resultados foi feita por subgrupos de idade (11 14 anos /
15 - 18 anos), sexo e tempo de abrigamento (até dois anos e mais de dois anos).
Resultados encontrados indicaram tendência à percepção negativa da condição de abrigamento, principalmente pelos adolescentes com menos tempo de abrigamento. Por outro lado, estiveram presentes referências protetivas no microssistema desses adolescentes, através de indicadores de recepção de ajuda advinda dos funcionários dos abrigos, especialmente em situação de doença. Dentro da área de competência, em relação às atividades, as meninas apresentaram faixas não clínicas, em especial as mais velhas e com mais tempo de abrigamento. De forma geral, os adolescentes apresentaram níveis clínicos para o total de competências. Comportamentos prósociais de cuidado, restrito aos amigos, ficaram indicados, principalmente, nos adolescentes com menos tempo de abrigamento. As meninas referiram, de modo geral, mais comportamentos pró-sociais do que os meninos. Os adolescentes do estudo indicaram forte tendência à dificuldade de partilha de objetos de valor e pessoais, além de empatia. Problemas psicológicos internalizantes e externalizantes em faixas clínicas, também se apresentaram na amostra, principalmente nas meninas mais velhas. Dificuldades em microssistemas importantes, como a família e a escola, ficaram indicados nos adolescentes estudados. Considerações finais: o presente trabalho aponta necessidade de ampliação e aprofundamento de investigações sobre desenvolvimento positivo de crianças e adolescentes que vivem em abrigos, a fim de subsidiar propostas adequadas ao desenvolvimento de recursos internos e externos de adolescentes em seus principais contextos de interação, como o abrigo, a escola e a família.