Introdução: Nas últimas décadas a prevalência de sobrepeso e obesidade no Brasil e no mundo aumentou consideravelmente, assim como o número de óbitos por doenças crônicas relacionadas. Existem algumas evidências, em países desenvolvidos, do efeito do ambiente sobre o estado nutricional dos indivíduos, especificamente da presença de determinados tipos de restaurantes na região de vizinhança de moradia ou trabalho. Objetivo: Analisar a distribuição espacial e as características de pontos de venda de refeições e alimentos prontos para o consumo no município de Santos, relacionadas à promoção da alimentação saudável. Metodologia: Utilizou-se um instrumento específico de observação baseado no questionário NEMS-R, para obtenção de informações gerais sobre os estabelecimentos, características das refeições ou alimentos oferecidos, a presença de opções para crianças, bem como a pres ença de facilitadores e barreiras para uma alimentação saudável. Foram realizadas análises descritivas para as variáveis e para que fossem feitas análises por meio do georreferenciamento, junto ao software ArCMap (v.9.3.2). Para as análises de correlação espacial foi utilizado o índice de Moran Global e Local. Resultados: Com relação às barreiras e os facilitadores para uma alimentação saudável, foi observado um baixo apelo para opções saudáveis, assim como a disponibilidade de informações nutricionais. Houve uma variação espacial da presença dessas informações nutricionais, sendo elas presentes principalmente na região da Orla (região de maior poder aquisitivo), seguido da Zona Intermediária e Central. A Zona Noroeste não apresentou nenhum PVA com estas informações. Os bares, estabelecimentos considerados como não saudáveis por terem a bebida alcóolica como principal alimento de venda, estavam concentrados, sobretudo em regiões de menor nível socioeconômico. Em relação aos PVAs do tipo fast food, diferentemente da realidade em outras cidades e países, é possível notar que este não é ainda um problema em todas as regiões do município de Santos. Porém, os alimentos oferecidos nos restaurantes fast food, que comumente apresentam alta densidade energética e baixo valor nutritivo, são vendidos nos PVAs da categoria 4 (lanchonete, cafeteria, confeitaria, sorveteria e quiosque), que, por sua vez, localizam-se nas regiões de menor poder aquisitivo. Quanto à análise estatística espacial, notamos que houve certa semelhança entre os mapas apresentados, onde há maior exposição a ambientes alimentares considerados desfavoráveis nas regiões do Centro e Zona Noroeste (menor poder aquisitivo). Conclusão: Podemos notar que o espaço urbano em Santos é altamente segregado, assim como em outros locais do Brasil, por apresentar uma concentração territorial de exclusão social. O uso das técnicas de geoprocessamento, pode contribuir para que estas áreas de maior vulnerabilidade sejam priorizadas em ações que visem melhorar o ambiente alimentar. Segundo nosso conhecimento, o presente estudo foi o primeiro a investigar as características dos PVAs e relaciona-las com análises espaciais. Por este motivo, são necessários novos estudos que caracterizem este quadro em outras cidades e países. Os resultados observados sugerem a necessidade do delineamento de intervenções no ambiente, visando melhorar a qualidade das opções de refeições realizadas fora do domicílio, bem como a elaboração de pesquisas que possam subsidiar a criação de leis que possam culminar em planejamentos e políticas públicas urbanas.