A colibacilose aviária é uma doença infecciosa causada pelo agente Escherichia coli, que ocasiona elevada morbidade e diminuição de produtividade. Com a proibição da utilização de antibióticos na produção animal, a utilização de extratos vegetais com propriedades antimicrobianas, vem se destacando, em especial, a curcumina, princípio ativo da planta Curcuma longa, que já possui efeito antimicrobiano, ação antioxidante e anti-inflamatória comprovados. Desta forma, o objetivo foi determinar os impactos da doença na produção avícola e os efeitos da utilização da curcumina via dieta. Para isso, foram realizados três experimentos distintos. No experimento 1, foram utilizadas galinhas poedeiras com infecção natural por E. coli, divididas em grupo controle (sem sinais clínicos) e infectados (com diarréia e apáticas), com 40% de postura diária, sendo o agente infeccioso isolado de amostras fecais e tecido (ovário, fígado e peritônio), submetido ao teste de suscetibilidade antimicrobiana e instaurado o tratamento com norfloxacina por três dias. Antes do tratamento, as aves do grupo infectados apresentavam níveis elevados de lipoperoxidação (LPO), superóxido dismutase (SOD), glutationa peroxidase (GPx), creatina quinase (CK) e piruvato quinase (PK). Após o tratamento, os níveis de LPO permaneceram mais altos em aves com doença clínica, enquanto SOD e GPx não diferiram entre os grupos, já a produção elevou-se para 90%. Experimento 2, utilizamos 36 galinhas poedeiras com colibacilose, divididas em grupo controle (aves alimentadas com ração basal) e grupo curcumina (aves alimentadas com ração basal + 200 mg de curcumina/kg/ração). Fezes e ovos apresentaram menor contagem bacteriana total, coliformes totais e E. coli quando administrado a curcumina aos 21 e 42 dias. Em ovos frescos, a luminosidade e a intensidade de amarelo da gema foram maiores para grupo curcumina, bem como para ovos armazenados: maior densidade específica, altura do albúmen, menor pH da gema, menores níveis de peroxidação lipídica e maior capacidade antioxidante total, indicando melhor qualidade dos ovos. Também para o grupo curcumina foi observada menor contagem total de leucócitos, neutrófilos e linfócitos, menores níveis de proteína total, fosfatase alcalina e alanina aminotransferase, garantindo melhor saúde dos animais pelo efeito anti-inflamatório e antioxidante obtido. No experimento 3, utilizamos vinte matrizes de corte juvenis, divididas em dois grupos: grupo infectado intraperitonealmente (1 mL contendo 1,5 x 108 UFC de E. coli) e grupo controle (aves não infectadas). Após 10 dias da infecção, houve menor crescimento e ganho de peso das aves infectadas, com desenvolvimento de pericardite, congestão hepática e infiltrados inflamatórios periportais moderados com predominância de neutrófilos, número maior de leucócitos totais, linfócitos, heterófilos e monócitos, bem como níveis significativamente mais altos de proteínas e globulinas enquanto que os valores de albumina diminuíram no mesmo período. Para biomarcadores oxidativos séricos, níveis de peroxidação lipídica (TBARS) e radicais livres (ROS) foram significativamente maiores, assim como a atividade da glutationa S-transferase (GST) durante o mesmo período para grupo infectado. Os níveis de radicais livres e de tióis proteicos a nível hepático foram significativamente maiores nas aves infectadas, bem como atividade de catalase e superóxido dismutase. No baço, apenas a atividade Glutationa S-Transferase foi significativamente maior no grupo infectado, ao contrário do cérebro, onde a atividade de superóxido dismutase, níveis de radicais livres e de tióis não protéicos foram significativamente maiores nas aves infectadas do que no grupo controle. A atividade da acetilcolinesterase (AChE) no córtex cerebral foi menor no grupo infectado do que no controle; houve um aumento na atividade de nucleosídeo trifosfato difosfohidrolase (NTPDase), 5'-nucleotidase e adenosina desaminase (ADA), possivelmente indicando maior hidrólise de adenosina trifosfato (ATP) (P <0,001), adenosina difosfato (ADP) (P <0,01) e adenosina monofosfato (AMP) (P <0,01), seguidos por aumento da desaminação da adenosina (P <0,001). Apesar disso, nenhum animal apresentou sinais clínicos da doença durante todo período experimental. Diante disso, concluímos que a infecção por E. coli em aves de produção causa estresse oxidativo nos animais, diminui significativamente produção e afeta as enzimas responsáveis pela neurotransmissão e imunomodulação, como acetilcolina, adenosina trifosfato e adenosina desaminase. A curcumina possui efeito antimicrobiano atuando no controle da infecção, melhora a qualidade microbiológica e físico-química de ovos, bem como a saúde dos aimais pelo seu efeito antioxidante e anti-inflamatório, sendo um aditivo natural com alto potencial para utilização na alimentação de aves.