O câncer de mama é uma das neoplasias malignas mais incidentes em
mulheres e cadelas. Em mulheres, sabe-se que mutações patogênicas herdadas nos
genes de alta penetrância podem estar associadas ao risco elevado da doença, à
resistência a terapias e ao prognóstico reservado ou ruim. Em cadelas, existem muitos
dados divergentes sobre o envolvimento dos genes de alta penetrância (BRCA1 e
BRCA2) com a carcinogênese mamária e sobre a verdadeira patogenicidade das
variantes detectadas. Dessa forma, o objetivo principal deste estudo foi detectar
variantes germinativas nos genes de alta e moderada penetrância associados ao
câncer de mama em mulheres no plasma de cadelas por meio do sequenciamento de
nova geração (NGS). Para tanto, foram coletadas vinte amostras de sangue
provenientes de dez cadelas recém diagnosticadas com neoplasias de glândula
mamária (RD), cinco cadelas mastectomizadas (MAST) e cinco cadelas sem
neoplasia (CTR). Posteriormente, foram realizadas as etapas de extração do DNA
livre circulante (plasmático), construção da biblioteca utilizando um painel de genes
específicos associados ao câncer de mama em mulheres, incluindo os genes BRCA1,
BRCA2, CDH1, STK11, TP53, PALB2 e ATM, e, por fim, análise bioinformática para
detecção de variantes: polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs), deleções e
inserções (indels). Foram detectadas 218 variantes no total, sendo 32,56% (n=71) em
regiões codificantes e 13,76% (n=30) classificadas como de moderado impacto, a
maioria do tipo missense. Dentre os genes de alta penetrância, o gene BRCA2 foi o
que mais apresentou variantes, sendo identificados onze SNPs e dois indels, dessas,
destacaram-se p.Thr1425Pro e p.Leu2307del, que foram classificadas como
possivelmente patogênicas pelos programas de predição in silico. Em relação aos
genes de moderada penetrância, foi identificado um quantitativo menor de variantes,
quando comparados aos genes de alta penetrância e, dentre os genes avaliados, o
PALB2 merece evidência, pois foram detectadas duas novas variantes possivelmente
patogênicas: p.Ala949Val e p.Pro590_Val595delinsLeu. Assim, o sequenciamento de
nova geração permitiu identificar grande quantidade de variantes, ainda de significado
incerto, nos genes de predisposição ao câncer de mama, e essa condição parece ser
semelhante em mulheres. São necessários estudos adicionais para validar as
variantes identificadas em cadelas com câncer de mama para que, futuramente, seja
possível proporcionar tratamento personalizado às pacientes.