Este trabalho tem como principal objetivo monitorar a variação na extensão das áreas
úmidas e das áreas inundadas adjacentes ao Canal São Gonçalo, em uma série temporal de
imagens ERS-1 e 2 SAR e ENVISAT ASAR adquiridas entre 1992 e 2007. Para isso, foram
criados dois algoritmos, baseados em limiares de retroespalhamento e produtos de razão de
imagens, capazes de classificar as áreas úmidas e inundas. Além disso, foram realizadas
análises espaciais, a fim de observar as áreas onde ocorrem com mais frequência áreas úmidas
e/ou inundadas. Dados meteorológicos também foram utilizados com o intuito de estabelecer
uma análise comparativa entre áreas úmidas e inundadas e a precipitação, os fenômenos El
Niño e La Niña, a velocidade e a direção do vento. Os resultados demonstraram que as
maiores extensões de áreas úmidas ocorrem com mais frequência nos primeiros meses do ano
(i.e., entre janeiro e maio), enquanto as áreas inundadas são mais frequentes nos meses de
inverno (i.e., entre junho e agosto), merecendo destaque o mês de agosto, que representa a
maior extensão de áreas inundadas, 28.632,3 ha na imagem adquirida em 26/08/2002. Porém
a maior extensão de áreas úmidas não está nos primeiros meses do ano, como é mais comum,
e sim na imagem de 25/09/2000 que apresentou 63.742,2 ha. As áreas úmidas apresentam-se
bastante distribuídas na área de estudo, e demonstram maior frequência nas áreas adjacentes
aos principais cursos dágua. Já as áreas inundadas apresentam-se concentradas em certas
porções da área de estudo, principalmente nas proximidades da foz do Rio Piratini, que
localiza-se na margem noroeste do canal, bem como na margem sudeste na mesma direção.
Os fatores meteorológicos analisados apresentaram relação visual tanto com as áreas úmidas
quanto com as inundadas. Foi possível definir que ambas as áreas ocorrem com mais
frequência, na série temporal analisada, em anos de ocorrência do fenômeno La Niña. Porém
a maior extensão de área inundada ocorreu na presença do fenômeno El Niño. Ainda foi
possível definir que as maiores extensões de áreas úmidas ocorrem com precipitação
acumulada bem distribuída nos 30 dias que antecedem as imagens, direção do vento
predominante leste com velocidade média entre 4 e 7 m/s. Já as maiores extensões de áreas
inundadas ocorrem, na maior parte, com chuvas constantes e mais concentradas nos 30 dias
que antecedem a análise, direção de vento nordeste com velocidade média entre 1,7 e 4 m/s.