Introdução: A obesidade é uma doença crônica, multifatorial que acomete milhões de
pessoas no mundo inteiro, especialmente crianças e adolescentes. Entre os principais
fatores ambientais associados ao desenvolvimento da obesidade incluem: o padrão
dietético e o sedentarismo. A hipertrofia e a hiperplasia de adipócitos fazem com que um
processo inflamatório seja instalado e com ele o aumento da secreção de adipocinas próinflamatórias, aumentando assim a susceptibilidade para o desenvolvimento de outras
doenças crônicas não transmissíveis, como por exemplo, as doenças cardiovasculares, a
maior causa de morte mundial. Estratégias para o tratamento da obesidade em
adolescentes são baseadas em mudanças no estilo de vida com aumento da prática de
atividades físicas e melhores hábitos dietéticos. Objetivos: Avaliar o efeito do
aconselhamento comportamental associado ou não a prática de atividade física recreativa
em parâmetros antropométricos, bioquímicos, e concentração circulante de adipocinas
pro e anti-inflamatórias, bem como a influência da ingestão alimentar no metabolismo da
glicose em adolescentes com obesidade. Materiais e Métodos: Este ensaio clinico
randomizado foi conduzido com 74 adolescentes de ambos os sexos, com idade entre 13
e 18 anos, com obesidade (índice de massa corporal [IMC] z-score ≥ 2.0). Os voluntários
foram randomizados em 2 grupos: Aconselhamento Comportamental (GA) (n=37) e
Aconselhamento Comportamental + Atividade Física Recreativa (GAAF) (n=37).
Adolescentes de ambos os grupos receberam aconselhamento comportamental em
pequenos grupos (1 hora cada), 1 vez por semana durante 12 semanas e 1 vez por mês
por mais 12 semanas. Adicionalmente os adolescentes alocados no GAAF foram
submetidos a 12 semanas de atividade física recreativa, 2 vezes por semana com duração
de 60 minutos. Medidas antropométricas, bioquímicas (perfil lipídico e glicolítico),
concentração sérica de adiponectina, leptina, FGF-21 e PAI-1, bem como perfil dietético
(Questionário de Frequência Alimentar para Adolescentes - QFA) foram avaliados em 3
momentos distintos: Basal, 12 e 24 semanas. As análises estatísticas foram realizadas,
conforme o comportamento das variáveis, utilizando o software SPSS v26 e Jamovi
v1.6.6 (The jamovi project, 2019 - https://www.jamovi.org) adotando α de 5%.
Resultados:
Artigo 1: Os dois tipos de terapias aplicadas (GA e GAAF) foram capazes de melhorar
os parâmetros antropométricos e, embora não tenham sido observadas diferenças entre os
grupos nos parâmetros antropométricos, bioquímicos e nas adipocinas (FGF-21, leptina,
adiponectina e PAI-1), os melhores efeitos (effect size) foram obtidos no grupo que
também realizou atividade física recreativa (IMC z-score, WC, glicose, TG e LDL-c).
Artigo 2: A prática de AF fez com que os adolescentes deste grupo ingerissem menos
calorias e macronutrientes (proteínas, lipídios e carboidratos) quando comparado ao GA.
Alguns tipos de nutrientes influenciam na tolerância à glicose, sendo essa prejudicada na
presença de dietas com altas densidades calóricas. Melhor resposta na tolerância à glicose
é observada em dietas que apresentam redução na ingestão de proteínas e lipídios.