A injúria tecidual por isquemia é bastante nociva e, em situações de reperfusão, pode
provocar a formação exacerbada de espécies reativas do oxigênio (ERO), que interferem
diretamente na cascata de sinalização celular, com efeitos deletérios como a peroxidação
lipídica da membrana celular, a oxidação de proteínas e a lesão ao DNA. As pesquisas têm
mostrado os efeitos benéficos dos antioxidantes presentes nos vegetais e, entre eles encontrase
a curcumina, um pigmento antioxidante do rizoma da Curcuma longa L., conhecida como
açafrão ou cúrcuma. Essa planta demonstra atividades farmacológicas, que são relatadas
desde a antiguidade, como antioxidante, anti-inflamatório, antibacteriano, antifúngico,
antitumoral, antiparasitário, antiviral, cicatrizante, hipoglicemiante, neuroprotetor e
imunomodulador. Diante disso, objetivou-se com essa pesquisa avaliar a possível ação
antioxidante da curcumina sobre as células endoteliais de veia umbilical humana (HUVEC),
em cultivo, submetidas e não submetidas ao estresse oxidativo (EO). Este estudo foi dividido
em três fases. Na primeira fase avaliou-se a ação da curcumina padrão (Sigma Aldrich,
Referência C1386) em diferentes concentrações (0 μmol, 20 μmol, 50 μmol, 100 μmol e 1000
μmol) e por três tempos diferentes de exposição contínua (24 h, 48 h e 72 h). O ensaio de EO
foi induzido por meio da exposição celular ao peróxido de hidrogênio a 1% e por meio do
ensaio de redução do MTT (metil-tiazolil-tetrazólio), pôde-se avaliar a viabilidade celular e a
citotoxicidade. Na segunda fase do estudo determinou-se a presença e o teor de compostos
antioxidantes no extrato etanólico da Curcuma longa L. (EEC) proveniente de Mara Rosa-
GO. As amostras do EEC foram submetidas aos testes de Folin-Ciocalteau, à captura do
radical DPPH (2,2-difenil-1- picril-hidrazil) e ao método de HPLC-Fluorescence. Na terceira
fase da pesquisa avaliou-se o efeito do EEC em cultivos de HUVEC sob as mesmas condições
experimentais da primeira fase, além disso, pesquisou-se as vias de sinalização tanto de
sobrevivência, quanto de morte celular possivelmente ocorridas. Os resultados demonstraram
que as células tratadas com 20 μmol de curcumina padrão e nos tempos de 24 h e 48 h
apresentaram melhor viabilidade celular e consequentemente, menor citotoxicidade. A
ocorrência do estresse oxidativo foi validada pelo decréscimo na viabilidade celular dentro
das três variáveis de tempo utilizadas, com uma proteção antioxidativa na dosagem de 50
μmol de curcumina. No EEC pôde-se identificar o ácido gálico, a curcumina (16,7%) e a
quantidade de 18,1 μg/mL de extrato, para se reduzir em 50% o radical DPPH. Os resultados
da terceira fase indicaram que o EEC possivelmente amenizou a injúria celular por estresse
oxidativo, na dosagem de 100 μg/ml, por diminuição da imunoexpressão de caspase3 e pelo
aumento da sinalização da rota de sobrevivência SIRT1. Concluiu-se que tanto a curcumina
pura, quanto o EEC pode aumentar a viabilidade celular de células endoteliais sob estresse
oxidativo.