O controle e manejo de doenças que acometem a piscicultura mundial, a exemplo das causadas
por protozoários, parasitas, vermes, bactérias oportunistas e fungos, é um pré-requisito para a
sustentabilidade desse setor produtivo e, um desafio constante, muito complexo e atualmente,
limitado de produtos eficazes de tratamento. Além disso, alevinos e juvenis são ainda mais
suscetíveis, de maneira geral, a surtos dessas doenças, por terem o sistema imunológico ainda
em formação, de modo que, a sobrevivência desses animais depende de estratégias
multidisciplinares de manejo adequado de sua saúde, nutrição, da qualidade da água e de
medidas de biossegurança. Portanto, se faz necessária a ênfase em prevenção e não somente
em tratamento. Por esses motivos, vacinas de DNA ganham atenção crescente, devido a
superarem desvantagens de outros tratamentos preventivos, em geral de maneira mais eficiente.
Elas funcionam expressando no hospedeiro, diferentes proteínas de patógenos, codificadas em
vetores plasmideais. As vacinas comerciais licenciadas atualmente são relativamente caras, o
que não gera estratégias amplas de vacinação. Foi avaliada a funcionalidade do plasmídeo
vetorial pExu, transformado na linhagem Lactococcus lactis MG 1363, em peixes. Esta vacina
gênica L. lactis MG1363 (pExu:mCherry) foi fornecida, por via oral, através de
microencapsulamento ou liofilização, para a espécie Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus),
de elevado interesse comercial. Para tanto, 108 juvenis machos de Tilápia-do-Nilo com peso
de 250 ± 20 g foram utilizados. O equivalente a 1 dose (1x109 UFC) foi administrado por via
oral [microencapsulado (administração direta) e liofilizado (incorporado à ração comercial)]
aos animais e, a área que apresentava fluorescência, foi comparada, nas três secções intestinais
(Anterior, Média e Posterior), nos períodos de 6, 18, 24, 48, 72, 96, 120, 144, e 168 horas após
a administração. Ambos os métodos avaliados permitiram a expressão do gene repórter em
todas as regiões de interesse. Houve, no entanto, diferença significativa (p < 0.001) na área de
expressão média por seção intestinal, de modo que a seção Posterior apresentou menor
expressão em relação às outras duas seções, tanto quando avaliado o microencapsulamento
quanto a liofilização (redução de 40% e 87%, respectivamente). No entanto, a expressão da
proteína mCherry se mostrou mais eficiente pelo método de liofilização que pelo
microencapsulamento (p < 0.001), ao apresentar, aproximadamente, áreas de fluorescência 25
mil, 13 mil e 4 mil porcento maiores, nas seções Anterior, Média e Posterior, respectivamente.
O método de microencapsulamento e liofilização apresentaram amplitude máxima da
expressão no intervalo de 24 horas e 96 horas, respectivamente. Tais descobertas são
importantes pois irão guiar pesquisas sobre novas estratégias com vacinas de DNA, em
especial, as fornecidas oralmente.