A presente dissertação propõe uma leitura de aspectos sociais, políticos, históricos e culturais presentes no conto e filme denominados Manhã Cinzenta, 1966 e 1969 respectivamente, de Olney São Paulo (1936-1978). Foi com o objetivo de discutir a realidade do país em suas obras, que o escritor, cineasta logo cedo saiu de sua terra natal, Riachão do Jacuípe, para morar e adquirir formação escolar em Feira de Santana, ambas as cidades na Bahia, onde desenvolveu atividades ligadas ao teatro, jornalismo e cinema. O 'cineasta maldito do sertão', como assim ficara conhecido Olney São Paulo entre os amigos, jornalistas e críticos traz, essa marca em sua trajetória pelo fato de ter produzido um filme nunca exibido comercialmente, e, no entanto, o motivo de vários inquéritos sofridos durante a Ditadura Militar no Brasil, o média-metragem Manhã Cinzenta (1969). É através desta obra que a memória de um dos períodos marcantes na história política e cinematográfica do Brasil, é traduzida em imagens em movimento que transmitem uma experiência ao mesmo tempo individual e coletiva, histórica e ficcional. Nesse sentido, apresentamos as relações entre os aspectos ficcionais e documentais de Manhã Cinzenta (1969), privilegiando, a discussão do engajamento cultural em sua narrativa, marcada pela tensão política, principalmente entre os anos de 1968 a 1978 e pelo advento da censura que atingiu através de seus mecanismos de opressão a obra e o autor. Hoje, 34 anos decorridos da morte prematura de Olney São Paulo, é tanto possível reconhecê-lo como figura importante para o cenário cultural local, nacional e internacional, assim como também perceber o apagamento e esquecimento em relação a contribuição dada por Olney São Paulo para a cinematografia brasileira no século XX.