O presente trabalho traçou o perfil epidemiológico das infecções intramamárias (IIM)
causadas por estafilococos em ovelhas Santa Inês através de ferramentas de biologia
molecular contemplando os seguintes aspectos: 1) investigar a incidência de infecção
intramamária (IIM) em ovelhas de corte no período pós-parto e a persistência da
infecção durante a lactação, e seu efeito no crescimento de cordeiros. Neste estudo, 38
ovelhas e 44 cordeiros foram acompanhados do parto até o desmame aos 90 dias. Os
cordeiros foram pesados ao nascimento e a cada 15 dias, e o exame microbiológico e
identificação de Mycoplasma agalactiae pela reação da cadeia da polimerase (PCR)
das amostras de leite das ovelhas foram realizados nos respectivos momentos.
Observou-se que 14 (36,8%; 5 por Mycoplasma agalactiae; 5 por Staphylococcus sciuri,
2 por Staphylococcus aureus e 2 por Staphylococcus simulans) e 20 (31,6%) ovelhas
apresentam IIM persistente e transiente, respectivamente. Portanto, 63,26% das IIM,
todas por estafilococos não aureus, não persistiram durante a lactação, sugerindo perfil
oportunistas de algumas espécies. A taxa de sobrevivência de cordeiros de ovelhas com
IIM persistente (33,3%) foi bem menor que dos animais sadios (100%) ou com IIM
transiente (91,7%). Além disto, houve diferença no ganho de peso para cordeiros de
ovelhas persistentemente infectadas os 90 dias em relação aos demais grupos. Apesar
do impacto negativo da mastite nas ovelhas Santa Inês sobre o desempenho e a morte
de cordeiros, o agente etiológico e seu potencial para causar IIM persistente devem ser
considerados. 2) relatar um caso esporádico de mastite gangrenosa causada por
Staphylococcus haemolyticus multirresistente em ovelha Santa Inês. O exame
microbiológico, o perfil de resistência a antimicrobianos e presença de fatores de
virulência foram investigados. Os isolados de Staphylococcus haemolyticus
apresentaram multirresistência a antimicrobianos, e foram positivos para dois genes
enterotoxigênicos estafilocócicos e proteína B de ligação à fibronectina (fnbA). 3)
investigar se os estafilococos isolados de mastite clínica e subclínica, do ápice das
ovelhas e tonsilas de cordeiros são geneticamente distintos, e possuem genes
relacionados à produção de enterotoxinas e resistência a meticilina e penicilina. Foram
utilizados 78 isolados de estafilococos proveniente de ovelhas Santa Inês (Estudo 1).
Os isolados de estafilococos foram identificados por MALDI-TOF MS, e a PCR foi
realizada para identificação dos genes de virulência e resistência a antimicrobianos.
Além disso, os isolados foram genotipados através de amplificação aleatória de DNA
polimórfico - RAPD. Observou-se que S. aureus isolados de amostras de leite diferem
daqueles isolados de nichos extramamários, diferentemente das espécies de
estafilococos não-aureus. S. aureus hospedou a maioria dos genes de virulência e
resistência. Detectou-se um isolado de S. aureus e um Staphylococcus sciuri isolados
do ápice do teto resistente a meticilina. Portanto, o presente estudo forneceu
informações mais detalhadas da epidemiologia dos estafilococos associados à ovelha.
4) relatar a presença de Staphylococcus sciuri portadores do gene de resistência a
meticilina mecC, sendo, portanto, o primeiro relato no Brasil. A resistência a cefoxitina
e oxacilina foram determinadas pela concentração inibitória mínima, e os genes de
resistência foram confirmados por PCR, e sequenciamento dos produtos da PCR.