A pastagem é um importante sistema de produção animal no Brasil, e a excreção de nitrogênio por bovinos nas pastagens tem sido identificada como uma importante fonte de óxido nitroso (N2O). Neste estudo avaliamos as emissões de N2O e amônia (NH3) a longo prazo pela urina e fezes bovinas depositadas na estação de seca e águas em três sistemas de pastagem: i) capim-marandu {Brachiaria brizantha (Hochst. ex A. Rich.) R.D. Webster [syn. Urochloa brizantha Stapf cv. Marandu]} em monocultura sem aplicação de fertilizante nitrogenado (Grass); ii) capim-marandu em monocultura com 150 kg N ha-1 (Grass+N); e iii) capim- marandu consorciado com amendoim forrageiro (Arachis pintoi Krapov. & W.C. Greg cv. BRS Mandobi) sem aplicação de fertilizante nitrogenado (Grass+Legume). Dois ensaios foram conduzidos em uma região tropical do Brasil, começando na estação seca e chuvosa e se estendendo por um ano. O delineamento experimental foi em blocos casualizados e os tratamentos foram arranjados em esquema fatorial 3 × 3: três tipos de excretas (urina, fezes e controle sem excretas) e três sistemas de pastagem, com três repetições. Em ambos os ensaios os picos de N2O foram associados a eventos de chuva e os níveis de background foram alcançados depois de 22-28 dias após um evento de chuva >20 mm dia-1. Os fatores de emissão de N2O (EFN2O) foram maiores em áreas tratadas com urina em comparação a fezes em todos os sistemas de pastagem. O EFN2O da urina foi menor no sistema Grass e não houve diferença entre os sistemas Grass+Legume e Grass+N. Os EFN2O da urina foram 0,51 %, 0,61 %, 0,83 % na estação seca, e 0,30 %, 0,50 %, 0,40 % na estação das águas, para Grass, Grass+N e Grass+Legume, respectivamente. O EFN2O das fezes não variou entre os sistemas Grass e Grass+N, e houve uma tendência do EFN2O das fezes ser mais baixo no sistema Grass+Legume (P = 0.065). Os EFN2O das fezes foram 0,22 %, 0,21 %, 0,12 % na estação seca, e 0,19 %, 0,20 %, 0,09 % na estação das águas, para Grass, Grass+N e Grass+Legume, respectivamente. A maior porcentagem de N-excreta perdida por volatilização de NH3 (EFNH3) foi observada para urina sob Grass+N na estação seca. EFNH3 do solo tratado com urina durante a estação seca foi 7,9 %, 21,0 % e 11,2 % do N da excreta, e na estação chuvosa foi 1,1 %, 4,2 % e 0 %, respectivamente, para Grass, Grass+N e Grass+Legume. Não houve diferença entre sistemas de pastagens e estações para o EFNH3 das fezes, e a média do EFNH3 das fezes foi de 0,6 %. Em todos os sistemas de pastagens os EFNH3 da urina foram maiores que os EFNH3 das fezes. Esses resultados sugerem que o sistema de pastagem, a sazonalidade e o tipo de excreta afetam diferentemente os EFN2O e EFNH3. EFN2O e EFNH3 da urina foram maiores na estação seca. O menor EFN2O na urina de sistemas Grass indica que a intensificação do sistema por fertilizante nitrogenado ou fixação biológica de nitrogênio favoreceu as perdas de N por N2O pela urina. No entanto, o sistema Grass+Legume reduziu o EFN2O das fezes. Os menores EFNH3 da urina depositada em Grass+Legume e Grass, comparadas com Grass+N sugere que pastagem consorciada com leguminosa pode ser uma estratégia para mitigar a volatilização de NH3 da urina depositada na pastagem. Os fatores de emissão encontrados nesse estudo estão de acordo com os propostos nas diretrizes revisadas do IPCC 2019.