Em diferentes países têm-se observado elevada ocorrência de cepas de Haemonchus
contortus, nematódeo mais patogênico para ovinos, com multirresistência antihelmíntica, o que tem fomentado a busca por novas alternativas aos tratamentos
convencionais. Nesta pesquisa, os objetivos foram avaliar o potencial das palmeiras
Mauritia flexuosa (buriti) e Mauritiella armata (xiriri) in vitro e in vivo no controle desse
nematódeo. Foram realizados dois experimentos distintos para analisar a inibição da
eclodibilidade (IE) e do desenvolvimento larval (IDL) e a redução da contagem de ovos
(OPG) de Haemonchus contortus em fezes de ovinos. No primeiro experimento folhas
de M. flexuosa foram coletadas e desidratadas para produção de extratos aquosos
(EA) e etanólico (EE), com taninos e sem taninos. A análise por cromatografia gasosa
indicou a presença de quinze e dez compostos majoritários nos EA e EE,
respectivamente, e ambos apresentaram picos de catequina. Constatou-se o teor total
de 33,23%±2 de taninos condensados para folhas de M. flexuosa. Os extratos
aquosos e etanólico demonstraram 100% de atividade anti-helmíntica para inibição da
eclodibilidade a 75 mg/mL, e as concentrações inibitórias para inibir 90% (CI90) para os
EA e EE foram 21,8 e 8,5 mg/mL, respectivamente. O pó desidratado de folhas de M.
flexuosa em concentrações ≥ 152.08mg/g de coprocultura
apresentou eficácias superiores a 80% para IDL. A administração in vivo do EA de
folhas do buritizeiro a 62,1 mg/Kg PC promoveu eficácia anti-helmíntica de 54,57%
após 14 dias de administração. No segundo experimento foram avaliados os efeitos de
M. armata (Mart) Burret in vitro e in vivo. As folhas, ráquila e frutos dessa palmeira
foram coletados e desidratados para produção de extratos aquosos (EA) e etanólico
(EE). As análises cromatográficas dos extratos indicaram a presença de quatorze
compostos majoritários para o EA e doze para o EE, e o valor totais de
proantocianidinas das folhas da M. armata foi de 44,4%. O EA a 20 mg/mL e o EE a
37,5 mg/mL apresentaram eficácias >98% na IE. As concentrações letais a 90% (CL90)
estimadas para o extrato aquoso e etanólico foram, respectivamente, 10,16 e
8,85mg/mL. Para a IDL, na concentração de 33,30 mg/mL, foram observadas eficácias
de 93,95% para o EA da folha e 98,35% para o ácido tânico na IDL. A CI90 estimada
para o EA da ráquila e da polpa foram, respectivamente, 51,71 e 1,09 mg/mL. A
administração oral do extrato aquoso da folha de M. armata nos ovinos apresentou
eficácia de 53,65% na redução dos ovos nas fezes e de 65,51% de eficácia na IDL das
coproculturas dos animais infectados. Para ambas palmeiras avaliadas, contatou-se9
eficácias in vivo superiores a 50% e não foram observados sinais clínicos de
toxicidade e mortalidade nos animais, indicando potencial desses bioprodutos para o
controle alternativo da haemoncose.