A demodicidose canina é uma dermatopatia inflamatória, decorrente da proliferação
descontrolada do ácaro comensal Demodex spp. na pele do hospedeiro. A terapêutica
consiste em minimizar a densidade dos parasitos, diminuindo, assim, a carga antigênica,
revertendo a exaustão das células T e levando o cão à cura clínica. De forma inaugural,
este estudo teve o objetivo de avaliar, por meio do teste in vitro, o efeito do óleo essencial
de Melaleuca alternifolia sobre o ácaro Demodex canis e comparar a eficácia dos
tratamentos com fármacos da Classe das Isoxazolinas (fluralaner, afoxolaner e sarolaner)
e a ivermectina. No capítulo 1, desta tese, foi demonstrado o efeito acaricida, in vitro, do
óleo essencial de Melaleuca alternifolia sobre parasitos da espécie Demodex canis. Vinte
e sete amostras, cada uma com 5 a 7 ácaros, cada, foram selecionadas e distribuídas em
triplicatas. Em 21, foram testadas sete concentrações diferentes do óleo. Outras três
foram direcionadas para o controle positivo, amitraz e, mais três, para o controle negativo,
xampu neutro. Os efeitos do fitoterápico sobre o ácaro foram mais rápidos que o do
amitraz; e, quanto mais alta a concentração do fitoterápico, mais rapidamente ocorreu sua
ação letal. Dessa forma, foi demonstrado que o óleo de melaleuca tem efeitos
parasiticidas, in vitro, satisfatórios sobre ácaros da demodicidose canina, podendo, esse
fitoterápico ser mais uma opção de tratamento, para cães com demodicidose, a ser
testada in vivo. No capítulo 2, foi realizado acompanhamento e comparação de
parâmetros clínicos, parasitológicos, hematológicos e bioquímicos, de cães acometidos
pela demodicidose generalizada, em quatro grupos distintos de tratamento; três da Classe
das Isoxazolinas (fluralaner, afoxolaner e sarolaner) e um da Classe das Lactonas
Macrocíclicas (ivermectina), empregada como controle positivo. Quarenta cães em que
foi evidenciada a presença do ácaro Demodex canis, ao exame parasitológico cutâneo,
com coleta por impressão em fita de acetato e portadores de sinais clínicos de
demodicidose generalizada, tiveram seus tratamentos assistidos até a alta parasitológica,
com três exames negativos e, até a alta clínica, que acontece após 12 meses dessa
última. Os três fármacos isoxazolínicos comparados mostraram vantagem sobre a
ivermectina, quanto à praticidade e rapidez de ação, podendo, essas três moléculas
serem recomendadas para integrar o arsenal terapêutico ortodoxo, para quadros de
demodicidose canina. Neste momento, 22 cães tratados com fármacos isoxazolínicos
encontram-se em alta clínica, demonstrando eficiência das referidas moléculas. No
capítulo 3, dessa tese, foi realizada comparação de achados histopatológicos cutâneos
de cães com demodicidose generalizada e em subsequentes fases de tratamento, com
três moléculas isoxazolínicas e a ivermectina. Por meio de biópsia, fragmentos cutâneos
foram amostrados de cinco áreas positivas para a presença do ácaro, em três momentos
diferentes. O primeiro momento da coleta ocorreu na fase da doença ativa; o segundo,
um mês após e o terceiro, aos 90 dias de iniciado o tratamento. As lesões
histomorfológicas dos cães com demodicidose, tratados com fármacos da Classe das
Isoxazolinas e ivermectina, regrediram constante e gradualmente ao longo da terapia. Na
última avaliação, não se chegou a recuperação histológica cutânea completa, persistindo
a presença de lesões crônicas, sem evidenciação clínica em alguns animais. Infere-se,
então, que, o exame histopatológico sem sinais de inflamação será alcançado em prazo
superior a 90 dias. A elaboração dessa tese, enfocando o tratamento da demodicidose,
realização desafiadora, possibilitou gerar conhecimento para a comunidade clínica e para
o ambiente acadêmico da Faculdade de Veterinária, da Universidade Federal Fluminense,
além de, consequência especial, trazer de volta o conforto da normalidade dermatológica
aos pacientes utilizados neste estudo.