Este trabalho apresenta uma pesquisa inserida na temática “Ensino de Ciências e Educação
Ambiental” e apresenta o seguinte questionamento: As aulas de campo utilizadas no ensino de
Ciências possibilitam a inserção da Educação Ambiental nos currículos escolares, em uma
perspectiva interdisciplinar? A fim de responder essa questão, traçou-se como objetivo geral
analisar como as aulas de campo, realizadas a partir das aulas de Ciências, permitem um
trabalho interdisciplinar voltado para a inserção da Educação Ambiental nos currículos
escolares. É válido ressaltar que nos baseamos na Educação Ambiental pautada na perspectiva
da Teoria Crítica, que pensa na relação cultura-natureza de uma forma não dualista e que está
pautada na Ecologia Política, na Teoria da Complexidade, na pedagogia histórico-crítica ou
freireana, na dialética marxista e no ambientalismo radical. Acreditamos na possibilidade de se
trabalhar questões socioambientais em aulas de campo, de acordo com os apontamentos de
Viveiro, Diniz e outros autores. Para traçar discussões sobre a interdisciplinaridade, uma das
premissas da Educação Ambiental, nos baseamos nas ideias de Fazenda e também de Jantsch e
Bianchetti, Frigotto, entre outros, com base na pesquisa de Lima (2011). Acreditamos, portanto,
que a realização de aulas de campo pode estimular a discussão de questões relacionadas à
Educação Ambiental, além de permitir que conceitos relacionados a diferentes disciplinas
possam ser acionados para a compreensão mais ampla do local visitado. O método escolhido
para a realização da nossa pesquisa foi a pesquisa-ação, devido à forma como a mesma foi
conduzida, com a participação ativa da professora/pesquisadora e dos estudantes ao longo do
processo. A coleta de dados foi feita a partir de gravações em áudio das aulas anteriores e
posteriores às aulas de campo e da coleta dos registros dos estudantes sobre as atividades
propostas. Os sujeitos da pesquisa foram estudantes do 6º e 7º ano do Ensino Fundamental, da
escola Centro Educacional Aragão Torquato, localizada no município de Nova Iguaçu (RJ), que
participaram das aulas anteriores, posteriores, bem como das aulas de campo realizadas no rio
Tatu Gamela e na Reserva Biológica do Tinguá. Todos os dados coletados foram tratados e
analisados com base no método da Análise de Conteúdo de Bardin (1977) e partir dessa análise
foi possível observarmos que as aulas de campo, realizadas com base no conteúdo de ciências,
suscitaram discussões relacionadas à Educação Ambiental. Além disso, percebemos que a visita
aos locais da aula de campo contribuiu para que os estudantes mobilizassem diversos
conhecimentos voltados para a compreensão da realidade socioambiental observada e que a
mobilização desses conhecimentos, em conjunto com a percepção das diferentes dimensões
presentes naquele ambiente, contribuíram para a construção de uma concepção Crítica da
Educação Ambiental. Em conjunto com esta pesquisa construímos o Produto Educacional, que
consiste em um caderno de orientações pedagógicas, onde buscamos propor formas de se
realizar aulas de campo interdisciplinares, voltadas para a temática da Educação Ambiental.