adolescentes e adultas
A dinâmica da violência é particularmente complexa durante a gravidez. Não há
consenso se existe maior número de ocorrências violentas contra a mulher
durante a gestação ou se a gravidez funciona como evento protetor. Foi nosso
objetivo determinar a prevalência da violência doméstica em Vitória, em
puérperas adolescentes e adultas, e compará-la entre os dois grupos, avaliar a
prevalência da violência física antes e durante a gravidez, identificar fatores
associados à violência e avaliar a associação de resultados obstétricos e
perinatais desfavoráveis entre as que sofreram violência na gestação.
Realizamos estudo descritivo, transversal, com grupos de comparação em duas
Maternidades de Vitória, Espírito Santo no período de maio de 2009 a abril de
2010. Foram avaliadas 359 puérperas, 179 adolescentes e 180 adultas através de
entrevista padronizada, aplicada verbalmente, do Abuse Assessment Screen e
coletados dados do prontuário médico das puérperas e recém-nascidos. A
prevalência entre todas as participantes que foram alguma vez maltratadas
emocionalmente ou fisicamente foi de 40,1%, (adolescentes 38,5%, adultas
41,7%). A violência emocional foi a mais freqüente, 82,6% (adolescentes
87,0%, adultas 76,0%) seguida da física de 17,4%, (adolescentes 10,1%, adultas
24,0%) e da sexual no último ano anterior a gravidez (adolescentes 1,1%,
adultas 1,1%). No último ano anterior a gravidez, 3,9% foram agredidas
fisicamente e durante a gravidez atual, 3,3%, (adolescentes, 4,5% no último ano
e 5,0% na gravidez atual, adultas, 3,3% no último ano e 1,7% na gravidez
atual). Os fatores associados à violência doméstica foram, entre as adolescentes,
sofrer violência na família e maior número de parceiros sexuais e entre as
adultas, sofrer violência na família, fumar e maior número de parceiros sexuais.
Quanto aos resultados obstétricos e perinatais desfavoráveis não encontramos
associação estatisticamente significante entre as que sofreram violência
doméstica. Concluímos que os índices de violência doméstica são elevados na
cidade de Vitória, semelhantes para a população de adolescentes e adultas e que
em nossas pacientes a gravidez não influenciou a ocorrência de violência. A
violência doméstica não influenciou os resultados perinatais.