A toxicidade de nanopartículas como Quantum Dots (QDs) tem sido extensivamente estudada em diversos modelos celulares, procariontes e eucariontes. Neste contexto, estamos utilizando quantum dots de CdTe capeados com ácido mercaptoacético e sintetizados em meio aquoso, a fim de avaliar morte celular por autofagia em formas epimastigotas de Trypanosoma cruzi como consequencia da nanotoxidade. Com este objetivo, utilizamos marcadores como 3 metiladenina (3MA), um inibidor de phosphatidilinositol 3 quinase (PI3K), proteína envolvida nos processos iniciais da autofagia. Além disso, utilizamos a monodansilcadaverina (MDC), que é um composto lisossomotrópico fluorescente, útil para a identificação da proteína cadaverina, presente em vesículas autofágicas. A quantificação dos parasitas tratados com 3MA e/ou incubados com duas concentrações de QDs (2 e 200 μM) foi feita a partir de curvas de crescimento em escala de tempo e a marcação das vesículas autofágicas por MDC foram analisadas qualitativamente. Os resultados obtidos da curva de crescimento, indicaram a diminuição do número de parasitas incubados com 200 μM de QDs em relação aos parasitas incubados com 2 μM de QDs e ao grupo controle. Em contraste, os parasitas incubados com 200 μM de QDs e tratados com10 e 15μM de 3MA apresentaram uma reversão dose - dependente da morte celular de 10% e 15%, respectivamente. Para confirmar a hipótese de morte por autofagia, os parasitas foram incubados com 200 μM de QDs, marcados com a MDC e foram visualizados ao microscópio de fluorescência. As imagens revelaram a presença de inúmeros vacúolos autofágicos no interior da célula parasitária, podendo desta forma confirmar o processo de autofagia em desenvolvimento. Encontramos algumas alterações morfológicas em microscopia eletrônica de transmissão (MET) em parasitas incubados com QDs em 2 μM e 200 μM de QDs, quando comparado com o grupo controle. Em grupos de T. cruzi incubados com 2 μM e 200 μM de QDs foi observada, em 72h, a vacuolização
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citoplasmática, mantendo a integridade da membrana plasmática e da camada de microtúbulos subpeliculares. Além disso, vemos a integridade de organelas celulares, como núcleo, mitocôndria, bolsa flagelar e flagelo. Também foi possível observar a presença de QDs dispersos em vesículas no citoplasma e perto dos reservosomos. Em T. cruzi incubados com 2 μM de QDS, 120h, foram observados a QDs em vesículas dispersas no citoplasma e também perto dos reservosomas, bem como sobre as membranas das organelos. Em concentrações mais elevadas (200 M QDs), as modificações são evidentes, com depósito de QDs ao redor da membrana plasmática e no interior de vesículas próximas aos reservosomos. Parasitas incubados com 200 μM QDS + 3MA, no 5º dia da curva (120h), mostraram a integridade da membrana, não foi observado inchaço mitocondrial, bem como as estruturas membranais concêntricas; além de se observar uma diminuição no número de vacúolos. Como perspectivas para a continuação deste trabalho, pretendemos aprofundar os estudos com parasitas marcados com QDs e avaliar outros efeitos tóxicos em T. cruzi.