A presente tese foi dividida em três capítulos, no primeiro é apresentada uma revisão
bibliográfica dos temas relacionados à tese, os outros dois capítulos são manuscritos
gerados a partir dos experimentos realizados durante o doutorado. No manuscrito I
(capítulo II) avaliamos o desempenho reprodutivo de fêmeas de lambari (Astyanax
altiparanae) usando diferentes protocolos de reprodução em cativeiro, como a
administração de análogo do hormônio liberador de gonadotrofina de salmão (sGnRHa) e
extrato de pituitária de carpa (CPE), bem como sem o uso de terapia hormonal. Foram
realizados dois experimentos consecutivos com machos e fêmeas maduros de lambari (seis
meses de idade) usando dose única (Exp. 1) ou fracionada (10% + 90% - intervalo de 12h)
(Exp. 2). No Exp. 1, seis doses de sGnRHa (variando de 1 a 160 μg kg -1 ) foram aplicadas
em três repetições (cinco fêmeas e 10 machos cada); no Exp. 2, três doses de sGnRHa (10,
100 e 1000 μg kg -1 ) foram aplicadas em quatro repetições (cinco fêmeas e 10 machos
cada). Em ambos os experimentos, 6 mg de CPE kg -1 e solução salina foram usados como
controles positivo e negativo, respectivamente. A quantificação de 17α-20β-dihidroxi-4-
pregnen-3-ona (17,20β-P) e níveis plasmáticos de prostaglandina F2α e avaliações
histológicas ovarianas foram introduzidas no Exp. 2 separando fêmeas desovadas e não
desovadas. Usando uma única dose, a taxa de desova foi baixa e semelhante entre todos os
grupos (de 0 a 20%). Usando doses fracionadas, a taxa de desova de CPE (60%) foi maior
do que todos os outros grupos (de 10 a 25%), com exceção da dose mais alta de sGnRHa
(40%). A desova e elevação dos níveis de 17,20β-P ocorreram em algumas fêmeas do
controle negativo (Exp. 2). Portanto, a terapia com doses fracionadas de CPE melhorou a
ovulação de lambari, mas não foi condicional para a obtenção da ovulação. Apenas as
fêmeas não desovadas induzidas com doses fracionadas de CPE, mas não com sGnRHa e
nem no controle negativo, atingiram a maturação final. Além disso, a desova nos grupos
com sGnRHa ocorreu em uma extensão semelhante à do controle negativo e os grupos
tratados com sGnRHa não mostraram qualquer resposta dose-dependente considerando
todas variáveis avaliadas. Portanto, é possível que a desova nos grupos sGnRHa se deva
apenas ao agrupamento de peixes, semelhante ao controle negativo. Em conclusão, a dose
fracionada de CPE foi o único tratamento que provocou maturação final em todas as
fêmeas tratadas e um aumento significativo no desempenho reprodutivo em comparação
com todos os outros tratamentos. No manuscrito II (capítulo III) avaliamos o efeito do
análogo do hormônio liberador do hormônio luteinizante (LHRHa) com e sem
domperidona no desempenho reprodutivo de lambari e na liberação de 17,20β-P e PGF 2α ,
bem como avaliação histológica das estruturas ovarianas em dois experimentos
independentes e consecutivos. No primeiro experimento cinco doses de LHRHa (20, 60,
180, 540 e 1620 μg kg -1 ) foram testadas com três repetições cada, enquanto no segundo
experimento a dose de 180 μg kg -1 foi testada em combinação com 20 mg kg -1 de
domperidona (D) com quatro repetições. Em ambos os experimentos utilizamos solução
salina 0,9% como controle negativo e 6 mg de CPE kg -1 como controle positivo e as
fêmeas de todos os grupos receberam duas injeções (10% + 90% - intervalo de 12h). As
doses testadas de LHRHa não apresentram resultados superiores aos do controle negativo.
Associando o LHRHa com D não foram obtidos resultados superiores ao LHRHa sem
associação, sugerindo que a dopamina parece não apresentar um papel no controle
neuroendócrino da reprodução dessa espécie ou que este antidopaminérgico não é o mais
indicado para o lambari. O grupo tratado com CPE foi o único com melhor desempenho
que o controle negativo, indicando que o CPE foi a melhor terapia hormonal para induzir a
desova em lambari (entre os testados por nós). Houve uma diminuição nas taxas de
fertilização e eclosão que coincidiram com as duas doses mais altas de LHRH (540 e 1620 μg kg -1 ), sugerindo que essas doses podem ter causado uma superestimulação da hipófise
na produção de LH, a qual pode ter afetado a qualidade dos ovos.