A gestação traz à mulher mudanças biológicas e psicológicas que se entrelaçam,
acarretando transformações físicas e emocionais. Estas podem ir além do que é
“biologicamente esperado”, devido a riscos à mãe e ao feto, inerentes à gestação de alto
risco. Em relação aos riscos que podem surgir durante o período gestacional pode-se
mencionar a diabetes mellitus gestacional, sendo este o problema metabólico mais
comum durante a gestação. Gestações de alto risco, como a diabetes mellitus gestacional
(DMG), possuem especificidades emocionais e psicológicas quando comparadas a
gestações de baixo risco. Neste contexto a presente dissertação buscou investigar durante
o período gravídico questões voltadas à saúde emocional de gestantes de baixo risco, bem
como em condição de DMG. Para tanto, a presente dissertação organiza-se em três
estudos interdependentes objetivando, respectivamente: 1) realizar uma avaliação
sistemática da literatura acerca da utilização dos instrumentos: Inventário de Ansiedade
Traço-Estado (IDATE), Inventário de Depressão Beck (versão dois) (BDI-II) e Escala
de Estresse Percebido (EEP) em relação ao uso simultâneo de no mínimo dois desses
instrumentos para caracterização de sintomas de ansiedade, estresse e depressão em
gestantes com DMG; 2) realizar um estudo acerca de propriedades psicométricas do
instrumento denominado Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse para Adolescentes
(EDAE-A), e correlacionar os seus resultados aos instrumentos individualizados para
diagnóstico de Ansiedade, Depressão e Estresse em gestantes, a fim de verificar a
pertinência da utilização de um instrumento mais curto com a população de gestantes; 3)
descrever e comparar os estados emocionais (ansiedade, estresse e depressão) de
gestantes com DMG e sem DMG, bem como correlacionar os indicadores à variáveis
sociodemográficas. Para avaliação dos indicadores emocionais foram utilizados
instrumentos específicos para mensurar os constructos de ansiedade, estresse e depressão.
Para caracterização dos dados sociodemográficos foi aplicado um questionário elaborado
pela própria autora. Participaram do estudo 15 gestantes com DMG (G1) e 22 gestantes
de baixo risco (G2). O Estudo 1, indicou apenas cinco estudos nos últimos anos com
utilização simultânea de instrumentos para avaliação de indicadores emocionais.
Considerando-se a grande ocorrência de comorbidade desses sintomas, busca-se valorizar
a ação profissional em saúde que considere a saúde emocional de gestantes em um
contexto mais amplo. Os resultados do Estudo 2 revelam que o EDAE-A possui
características psicométricas de consistência interna, estabilidade e convergência
adequadas para ser utilizado em gestantes. Tendo em vista a possiblidade de em um únicoinstrumento avaliar três construtos, o mesmo pode apresentar-se como viável,
oportunizando avaliação em saúde emocional em com menor tempo dispendido e
resultados confiáveis. No Estudo 3, os resultados apontaram semelhanças entre os
indicadores emocionais de mães com e sem DMG. No entanto, os dois grupos
apresentaram indicadores clínicos, ou seja, chamam atenção para a saúde da gestante
como um todo. A correlação entre idade gestacional e sintomas de ansiedade primeira
avaliação pode estar associada a fase de descoberta da DMG, indicando a necessidade de
diagnóstico precoce. Estudos futuros poderão ampliar a amostra e considerar um grupo
controle sem indicadores clínicos, além de controlar outras variáveis que possam enviesar
o estudo