A presente tese tem por objetivo analisar as tendências das políticas sociais para crianças e adolescentes, tendo no orçamento público dos abrigos a sua mediação. Para tanto, após investigar os fundamentos do liberalismo econômico, que incide em novas formulações políticas e teóricas, e sobre o papel do Estado, dedicou-se aos estudos da crítica à economia política que, a partir da problematização de um conjunto de relações sociais no modo de produção capitalista, foram fundamentais para compreensão crítica das manifestações da questão social no cotidiano da vida social, seja por meio da violência institucionalizada, pelos efeitos deletérios da desigualdade social e racial ou dos processos que culminam na institucionalização de crianças e adolescentes em abrigos. Entende-se que nenhuma política social voltada para o público infanto juvenil se realiza sem a participação da família, porém, a matricialidade sociofamiliar repercute de maneira ambivalente na lógica da proteção integral, pois ao mesmo tempo em que reposiciona a família como unidade fundamental de socialização, as sobrecarrega com a incorporação de atribuições historicamente demandadas ao Estado, por conta de tendências que terminam por focalizar as ações das políticas sociais nos segmentos pobres da classe trabalhadora. Diante disso, na correlação entre direitos humanos, políticas sociais e combate à pobreza alicerçaram-se os parâmetros para o desvelamento das tendências políticas contemporâneas. Dentro dessa perspectiva, o fundo público compôs a linha central de argumentação, já que, constitutivamente, o processo de reprodução ampliada do valor requer a interferência estatal em graus diferenciados. Nos Estados capitalistas contemporâneos essa intervenção está assentada e é operada pelas dinâmicas das políticas econômicas e sociais, nas quais o processo de direcionamento e implantação dos recursos angariados junto à sociedade mediante tributação, assume o caráter de fundo público, e como tal, vetor constitutivo ao delineamento das ações estatais. A partir da investigação da arrecadação e das despesas da prefeitura do Rio de Janeiro, constatou-se a redução do peso do Orçamento da Criança e do Adolescente diante do aumento da arrecadação municipal. Paralelo a isso, as políticas para crianças e adolescentes, na última década, demonstram a tendência à contenção dos recursos públicos destinados ao público infanto juvenil, principalmente nas políticas de abrigo.