O entendimento atual sobre Qualidade de Vida (QV) e Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) implica na interrelação de diversos fatores: econômicos, sociais, culturais, psicológicos, religiosos, dentre outros. Assim, viver e trabalhar em áreas de fronteira pode gerar impactos na QV dos profissionais. Neste sentido, o presente trabalho se propôs a compreender e avaliar condições de saúde e QVT de psicólogos (as) que atuam no município de Ponta Porã MS, e ainda, identificar se o trânsito pessoal e profissional na fronteira entre o Brasil e Paraguai influencia em alguma medida nestes âmbitos vivenciados por estes profissionais. Trata se de um estudo exploratório descritivo, com a utilização de entrevistas semidirigidas e a aplicação do questionário TWLQ 42 que avalia os níveis de QV no ambiente de trabalho. Participaram do estudo dez profissionais dos serviços de assistência social e saúde do município de Ponta Porã, MS. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Grande Dourados com o parecer nº 2.941.974 e atende às exigências das resoluções CNS n. 510/16. Os dados quantitativos foram tabulados e analisados por meio do software Microsoft Excel 2010 e as entrevistas foram submetidas à análise temática de conteúdo de Bardin. Os resultados apontam para concepções de QV e QVT voltada a aspectos comuns do mundo ocidental, tais como: o bem estar, acesso ao lazer, cultura e boas condições de trabalho e remuneração. A respeito das concepções de fronteira, têm
se a relação com a interculturalidade, a interação comercial, desigualdades sociais e a violência e impunidade. Os resultados ainda apontam para influência do contexto fronteiriço na saúde e QVT dos profissionais, sendo o ambiente um dos principais fatores de prejuízo para o bem estar destes sujeitos, devido a condicionantes como a violência, tráfico, insegurança, medo e, principalmente, pelo fato de vivenciarem a fronteira seca que permite maior fluidez de atividades ilícitas e migração pendular para os serviços de saúde. Os resultados do questionário apontaram baixos escores para qualidade de vida no trabalho, com destaque para os seguintes aspectos: Econômico, Politico, Ambiental, Organizacional e Biológico. Neste sentido, nota se a necessidade de trabalhos interdisciplinares direcionados para os profissionais da psicologia, bem como estudos que valorizem o contexto fronteiriço e contribuam para o entendimento das influências que a região agrega ao cotidiano de trabalho.