Primatas não humanos (PNH) criados para fins científicos necessitam de manejo
frequente para realização de procedimentos diversos mediante contenção física
e/ou química, aumentando o estresse e risco de acidentes, prejudicando a
qualidade das pesquisas e afetando o bem-estar dos animais. Técnicas de
condicionamento operante com reforço positivo devem ser utilizadas para que os
animais cooperem na execução dos procedimentos, demonstrando clara redução
dos riscos de manejo e consequente melhoria na qualidade de vida dos animais e
das pesquisas neles desenvolvidas. Neste trabalho, primeiramente foi elaborado
um etograma para avaliação comportamental de seis exemplares (três machos e
três fêmeas) da espécie Macaca mulatta (macaco rhesus), e posterior seleção de
quatro animais para o estudo. Foi aplicado o método de condicionamento
operante com reforço positivo em que, após responder adequadamente aos
sinais ou comandos do treinador, os animais são recompensados com algo
palatável que instigue interesse, tais como frutas ou guloseimas. Os treinos,
divididos em duas fases, foram realizados sempre no período da tarde, por no
máximo 30 minutos por animal, dois a cinco dias da semana. Inicialmente os
animais foram condicionados a entrar na gaiola adaptada ao seu recinto e, uma
vez dessensibilizados, partiu-se para as ações sequenciadas de
condicionamento, que consistiu em ingestão de líquidos em seringas, aferição de
temperatura, e coleta de urina. Ao responder positivamente às sessões,
prosseguia-se para a segunda fase do treinamento, incluindo injeção
intramuscular e coleta de sangue pela veia femoral. Por se tratar de estímulos
desconfortáveis/aversivos, foi realizada a dessensibilização em etapas nos
treinos da segunda fase. Foi possível condicionar quatro macacos rhesus para
ingestão de líquidos em seringa e aferição de temperatura, um para coleta de
urina e dois para injeção intramuscular, não sendo possível a coleta de sangue
via veia femoral. Os animais mais favoráveis para a execução da técnica de
condicionamento apresentaram maior frequência de categorias exploratórias,
interações pacíficas e reduzidas condutas agonísticas, onde as fêmeas
demonstraram ser mais facilmente condicionadas do que os machos. A vivência
com os animais do estudo na aplicação do treinamento possibilitou aprimorar as
técnicas de condicionamento, na busca de respostas positivas mais rápidas e
eficazes, permitindo a coleta de amostras biológicas, com o mínimo de estresse
que antes era desencadeado por contenções física e/ou química. O estudo
permitiu gerar um Programa de Condicionamento Animal (PCA), com a proposta
de um método de pesquisa direta com PNH sobre o referido assunto, como base
para o desenvolvimento de outros trabalhos acerca de condicionamento animal.
Os resultados demonstraram potencial reprodutibilidade nas pesquisas em prol
da saúde pública, servindo, desta forma, como embasamento técnico para a sua
aplicação em outras instituições que utilizam PNH destinados a pesquisas.