Parte significativa do carbono fixado anualmente nas florestas termina por compor a serapilheira que se deposita sobre o solo. O processo de decomposição da serapilheira é função vital para a manutenção do ecossistema, pois disponibiliza novamente os nutrientes ao ambiente. Fatores climáticos e ambientais podem interferir nas taxas de decomposição, afetando a ciclagem de nutrientes e a produtividade do ecossistema, entre eles, a hidrologia. A maioria da literatura disponível têm demonstrado que a taxa de decomposição da serapilheira de folhas é mais rápida em ambientes aquáticos do que em terrestres adjacentes. Em contraponto, outros experimentos, realizados na Amazônia, obtiveram resultado oposto, verificando em ambientes aquáticos menor taxa de deterioração das folhas. Nesse contexto, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a influência das inundações periódicas, provocada pela maré e pelas cheias sazonais, nas taxas de decomposição de folhas em uma floresta com pulsos polimodais de inundação na Amazônia costeira. O estudo foi realizado em um trecho da planície de inundação do rio Caeté, (Bragança PA) sujeita a influência da maré dinâmica, embora livre de salinidade e sujeita também as inundações provocadas pelas chuvas sazonais. A combinação da precipitação direta, descarga do rio e variações da maré proporcionam uma grande variabilidade de condições de inundação ao longo do tempo. Usou-se separadamente material foliar de três diferentes espécies de Fabaceae (Zygia cataractae, Macrolobium angustifolium e Vatairea guianensis), exposto em bolsas de tecido de malha plástica com aberturas de 2 × 2 mm. Conjuntos de bolsas foram dispostos sobre o chão em quatro parcelas, integrando pontos de coleta distribuídos em terrenos ‘altos’ e ‘baixos’, proporcionando diferentes condições de inundação. O experimento foi realizado duas vezes, uma iniciando no período de estiagem e outro no período chuvoso, e contou com 18 coletas para a determinação da massa remanescente, dado que foi usado para o calculo das taxas de decomposição. As folhas de V. guianensis foram as mais rápidas a se degradar, seguidas por M. angustifolium e Z. cataractae, respectivamente. O experimento do período chuvoso, quando o nível da inundação na planície foi maior, apresentou as maiores taxas de decomposição. Em ambos os experimentos todas vias espécies tiveram decaimento mais acelerado de massa nas zonas “baixas” do que nas “altas”, indicando que o maior período de inundação pode favorecer o processo de decomposição, contrapondo-se a estudos realizados nas matas inundáveis da Amazônia central e ocidental.