Esta tese tem por objetivo a análise do discurso produzido nos jornais protestantes
presbiterianos Imprensa Evangélica e O Estandarte, no ocaso do Império e início da República
brasileira (1883-1903), sobre temas relacionados à abolição da escravidão, laicidade e
emancipação da igreja brasileira. Inicialmente, analisamos, a partir de pressupostos da
prosopografia, a formação da liderança presbiteriana brasileira. Assim, demonstramos a
relevância da evangelização na região oeste de São Paulo, como se deu a formação teológica
desses pastores brasileiros, como a atividade jornalística e educacional era comum a eles e quais
foram os primeiros passos efetivos no sentido da emancipação da igreja brasileira. Em seguida,
analisamos o discurso abolicionista produzido na Imprensa Evangélica, principalmente, por
Eduardo Carlos Pereira, único pastor brasileiro a publicar um libelo protestante teológico e
conservador em defesa da abolição da escravidão no Brasil. Indicamos também que além de ter
acompanhado o movimento abolicionista brasileiro, ao escrever seu panfleto teológico,
Eduardo Carlos Pereira respondia ao pensamento teológico conservador escravista americano.
Na sequência, examinamos as primeiras impressões desses pastores brasileiros em relação ao
fim da Monarquia e instauração da República. Focamos, principalmente, a questão da laicidade
republicana e como os protestantes se apresentavam como portadores da melhor religião para a
consolidação da República. Por fim, abordamos as principais questões que resultaram no cisma
presbiteriano e na fundação da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB), isto é, a
questão educacional e maçônica. Concluímos que, além do ânimo nacionalista, Eduardo Carlos
Pereira e seus seguidores foram defensores intransigentes de um conservadorismo protestante
brasileiro, pois, apesar de não abrir mão das tradições recebidas dos primeiros missionários
americanos, denunciaram que americanos e brasileiros maçons haviam se corrompido.