Objetivou-se avaliar a sanidade das populações de Nasua nasua da Mata Atlântica do Centro de Endemismo Pernambuco (CEPE) e verificar seu papel como sentinelas de parasitos de importância na Medicina da Conservação e Saúde Única. Foram estudados 57 quatis de três fragmentos antropizados do CEPE: Parque Estadual Dois Irmãos (PEDI), cercanias do Centro de Triagem de Animais Silvestres Tangará (CETAS) e Estação Ecológica do Tapacurá (EET). Os animais foram submetidos à coleta de amostras e ao exame físico, onde 36,4% deles apresentaram alterações. Em todos os fragmentos, foi encontrado o piolho Neotrichodectes pallidus e os carrapatos Amblyomma spp., A. sculptum (PEDI, EET) e A. ovale (CETAS). No exame coproparasitológico, a prevalência de parasitos gastrointestinais foi 88,7%, identificados como Ancylostoma sp., Capillaria sp., Strongyloides sp., coccídios, Oncicola luehei e Atriotaenia sandgroundi, esses dois últimos, também identificados na necropsia de dois quatis. Em todas as áreas, os animais apresentaram anticorpos anti-Toxoplasma gondii (20,4%), mas não foram detectados anticorpos anti-Neospora caninum nem DNA de Leishmania infantum. Parâmetros hematológicos e bioquímicos séricos foram descritos, identificando aumento de leucócitos. Os parasitos não influenciaram o hematócrito dos indivíduos, mas adultos apresentaram valores menores. Variações no perfil proteico, neutrófilos e linfócitos, foram influenciadas pela classe etária, infecções por Ancylostoma spp. ou infestações por Amblyomma spp. Nesse estudo pioneiro, as populações de coati de vida livre avaliadas, mostraram-se saudáveis, possivelmente adaptadas para enfrentar os desafios da antropização e das infecções/infestações parasitárias, além de serem sentinelas competentes para os parasitos detectados.