Os micoplasmas podem habitar as mucosas dos cães e são detectados em mucosas
genital, respiratória e conduto auditivo desses animais. Quando patogênicos, causam
doenças respiratória e urogenitais de curso crônico. O diagnóstico laboratorial das
micoplasmoses é realizado pelo cultivo, técnicas sorológicas, imunoenzimáticas e
moleculares. O objetivo geral deste trabalho foi detectar e investigar a distribuição de
micoplasmas em cães procedentes de canis, centros de treinamento e acautelados
em abrigos, em um estudo observacional descritivo. Foram coletados suabes de
orofaringe, conduto auditivo e genital de 98 cães, totalizando 294 amostras,
provenientes de oito canis com três diferentes tipos de manejo (A: centros de
treinamento; B: abrigos; C: canis comerciais). As amostras brutas dos diferentes sítios
anatômicos foram submetidas ao isolamento de micoplasma e a reação em cadeia da
polimerase (PCR) para Mycoplasma spp., M. canis, M. edwardii, M. molare e M. cynos.
Amostras positivas no isolamento foram encaminhadas para realização da
imunoperoxidase indireta e PCR genérica e das espécies supra-citadas no intuito de
tipificar os isolados. Em relação às espécies detectadas, M. edwardii foi a espécie
mais encontrada nos cães com frequência de 15,31% (45/294), seguido de 11,22%
(33/294) de M. canis e 1,02% (3/294) M. molare. Já M. cynos não foi detectado. Dos
98 animais testados, 74,5% (73/98) foram positivos no cultivo e/ou PCR. A orofaringe
foi o sítio de maior detecção, com 59,2% (58/98) animais positivos. Houve maior
detecção de micoplasma nos locais onde os cães tinham maior contato por
compartilharem os mesmos ambientes e fômites, e menor cuidado sanitário.
Características individuais dos cães como idade, sexo, uso prévio de antibióticos,
doenças crônicas e o tamanho do plantel não apresentaram associação com a
presença de micoplasma. A partir dos resultados encontrados, pode-se concluir que
a técnica de cultivo mostrou-se mais eficiente que a PCR na detecção de micoplasmas
em lavados de suabes provenientes de orofaringe, conduto auditivo e genital. Do
ponto de vista epidemiológico, o principal fator que permitiu a maior frequência de
micoplasma dentro das criações foi o manejo aplicado em cada estabelecimento,
destacando-se uma alta frequência em cães que compartilham o mesmo ambiente
por longo tempo, como em canis comerciais. Características inerentes aos animais
pareceram não influenciar na ocorrência de micoplasma em cães.