Biofilmes representam uma grande preocupação nas indústrias de alimentos. São estruturas resistentes e de difícil remoção. Indústrias processadoras de alimentos de baixa atividade de água necessitam empregar métodos de limpeza e sanitização a seco, a fim de se evitar a exposição de resíduos de alimentos à umidade, fator que favorece o desenvolvimento de micro-organismos com consequente formação de biofilmes. Listeria monocytogenes e Bacillus cereus são bactérias capazes de formar biofilmes e de sobreviver em produtos de baixa atividade de água. O presente trabalho avaliou a eficiência de protocolos de sanitização a seco (luz ultravioleta – UV-C, ozônio gasoso, ar quente, solução de álcool etílico 70% e um produto comercial) sobre biofilmes de L. monocytogenes e B. cereus formados em cupons de aço inoxidável (AI) e polipropileno (PP). A aplicação da solução de álcool etílico 70% (v/v) apresentou fraco desempenho frente a ambas as bactérias testadas. Não foram constatadas diferenças significativas (p>0,05) quanto às reduções ao longo do tempo para este tratamento, exceto a exposição de L.monocytogenes em PP após 30 min. Já a ação do produto comercial, denominado desinfetante a seco, resultou em reduções de biofilme de L. monocytogenes correspondentes a 3,44 e 2,65 log UFC/cm² em AI e PP, respectivamente. Em biofilme de B. cereus, as maiores reduções devido à ação do produto comercial ocorreram após 5 min em AI (1,08 log UFC/cm²) e 15 min em PP (0,62 log UFC/cm²). A aplicação de ar quente (90ºC) em L. monocytogenes foi mais efetiva nos primeiros 5 min de tratamento em aço quando comparada ao PP. Já em biofilme de B. cereus, também foi constatada uma maior eficiência em aço, porém, sem diferença significativa (p>0,05). O material da superfície teve influência no desempenho da luz UV-C e do ozônio gasoso em biofilme de L. monocytogenes, onde as contagens de células viáveis em PP foram reduzidas abaixo do limite de detecção (<1,69 log UFC/cm²) nos primeiros 5 min, em ambos os tratamentos. A exposição à luz UV-C em biofilme de B. cereus apresentou-se como o método a seco mais eficaz em AI (2 log UFC/cm²). Já em PP, o melhor desempenho foi atribuído a ação do ozônio gasoso, com redução de 2,16 log UFC/cm² após 30 min. Biofilmes de B. cereus também foram expostos à solução de hipoclorito de sódio (200 mg/L), com eficiência superior a todos os métodos a seco testados. Em geral, os protocolos de sanitização a seco avaliados, necessitam de longos períodos de aplicação a fim de se obter reduções significativas. Porém, o uso combinado dos mesmos pode contribuir para o desenvolvimento de novos protocolos de sanitização em ambientes de processamento de alimentos de baixa atividade de água.