O tártaro está entre as principais alterações encontradas em dentes de cães. Comumente, ele está associado à doença periodontal, que compromete a qualidade de vida do animal, e causa a perda do dente. Mas, apesar disso, alterações histopatológicas das estruturas que compõem o dente, como dentina, cavidade pulpar e cemento não têm sido descritas em dentes de cães com tártaro. O objetivo deste estudo foi relatar e estabelecer a frequência de alterações histopatológicas da dentina, da cavidade pulpar e do cemento presentes nos dentes incisivos, caninos, pré-molares e molares de cães com tártaro, extraídos cirurgicamente, descalcificados e processados pela técnica de inclusão em parafina. Inicialmente, foram registrados os dados de cada animal como raça, sexo, idade, bem como as causas da extração dentária e o histórico dentário. Foram avaliados 158 dentes com tártaro (45 incisivos, 31 caninos, 35 pré-molares e 47 molares), de 74 animais machos e fêmeas de diferentes idades, com e sem raça. O tártaro foi classificado como coronal, radicular e coronal + radicular e a frequência de tártaro coronal, radicular e coronal + radicular em cada dente foi avaliada. As doenças ou alterações histopatológicas de cada parte do dente (dentina, cavidade pulpar e cemento), foram analisadas e descritas, a fim de se estabelecer a frequência dessas alterações nos dentes incisivos, caninos, pré-molares e molares. Foi também avaliada a frequência das alterações microscópicas da dentina, cavidade pulpar e cemento nos dentes incisivos, caninos, pré-molares e molares com tártaro coronal, radicular e coronal + radicular. O tártaro coronal + radicular predominou e estava presente em 78 (49%) dos dentes avaliados. Microscopicamente, 45% dos dentes apresentavam alterações dentinárias, predominando as cavidades de reabsorção externa com necrose, seguidas pela osteodentina. Na cavidade pulpar, em 71% dos dentes, foram observadas alterações histológicas, sendo a fibrose e a mineralização da polpa e a necrose com ausência de odontoblastos, as alterações que mais predominaram. Já as alterações do cemento foram observadas em 87% dos dentes, sendo as cavidades de reabsorção com necrose predominantes, seguidas por hipercementose e anquilose. A maioria das alterações da dentina, cemento e da cavidade pulpar estava presente nos dentes com tártaro coronal + radicular. Conclui-se que a extensão do tártaro está associada ao aumento da frequência das alterações da dentina, da cavidade pulpar e do cemento, que os caninos são os dentes menos acometidos por alterações da dentina, os incisivos são os que tem menor frequência de alterações na cavidade pulpar e que os dentes pré-molares e caninos apresentam maior frequência de alterações do cemento.