A analgesia multimodal consiste na utilização de diversos fármacos que possuem mecanismos de ação diferentes entre si, tendo como objetivo promover analgesia adequada com menor incidência de efeitos adversos. O maropitant é um antiemético antagonista dos receptores NK-1 ligados a substância P, receptores estes que estão localizados no centro do vômito e também nas vias nociceptivas, sendo identificados em vísceras, medula espinhal e cérebro. O presente estudo teve como objetivo comparar o efeito antinociceptivo do maropitant em diferentes doses, em cadelas anestesiadas com sevoflurano submetidas à ovariohisterectomia por meio de parâmetros cardiorrespiratórios, ETSEVO e temperatura retal, além de avaliar o requerimento analgésico no pós-operatório por meio da Escala Composta de Dor de Glasgow (ECDG). Quarenta e cinco cadelas adultas, distribuídas em cinco grupos de nove animais, pesando em média 12,1 ± 4,2 kg foram sedadas com acepromazina (0,02 mg/kg, IM) e morfina (0,5 mg/kg, IM) para preparo cirúrgico. Após a indução com propofol dose resposta (1 a 6 mg/kg, IV) e manutenção do plano anestésico com sevoflurano, foi administrado, por via intravenosa, um bolus de maropitant (1 mg/kg), seguido de infusão contínua em doses crescentes em quatro grupos, sendo eles G50 (50 mcg/kg/h), G75 (75 mcg/kg/h), G100 (100 mcg/kg/h) e G200 (200 mcg/kg/h) e um grupo controle (n=9) que recebeu o volume equivalente da IC em NaCl 0,9%. Os parâmetros cardiorrespiratórios (FC, f, PAS/ PAD/ PAMinvasiva, SpO2, EtCO2), ETSEVO e temperatura retal foram avaliados em sete momentos distintos, sendo eles pré-indução (M0), pós-indução (M1), incisão cirúrgica (M2), tração do pedículo ovariano direito (M3), tração do pedículo ovariano esquerdo (M4), tração uterina (M5) e finalização da sutura cutânea (M6). Caso houvesse aumento de 20% nos valores de FC e PAM com relação ao M0, era realizado resgate analgésico com fentanil (1 mcg/kg, IV). Os escores de dor (ECDG) foram avaliados 1h, 2h, 4h e 6h após a cirurgia e foi administrado resgate com tramadol (5 mg/kg, SC) em caso de ECDG > 6. Para a análise dos dados foi realizada ANOVA seguida pelo teste F. As variáveis paramétricas foram comparadas por meio do teste de Tukey e as não-paramétricas pelos testes de Kruskal-Wallis e Skillings-Mack ou Friedman (p < 0,05). Não foram observadas diferenças significativas entre os protocolos analgésicos para as variáveis cardiorrespiratórias e temperatura retal. Quanto à ETSEVO, houve diferença estatística entre o GC e o G50 (p = 0,04) e entre o GC e o G100 (p = 0,03). Na avaliação da dor pós-operatória pela ECDG, não foi observada diferença significativa entre os grupos. Conclui-se que a administração do maropitant em infusão contínua no período transoperatório de cadelas submetidas à ovariohisterectomia demonstrou eficácia na redução do requerimento anestésico médio de sevoflurano nos grupos G50 e G100, no entanto, não foi suficiente para suprimir as respostas autonômicas aos estímulos nociceptivos somático e visceral e não demonstrou efeito evidente nos escores da avaliação da dor pós-operatória pela ECDG.