A busca por uma melhor qualidade de vida tem levado um número crescente, apesar de ainda pouco expressivo, de pessoas da cidade a procurar novas formas de existência no meio rural. Então chamadas de novos rurais, elas trazem consigo uma bagagem de conhecimentos distintos daqueles dos moradores rurais tradicionais, e promovem modificações no lugar que vão além dos limites de suas propriedades. Muitos destes neorrurais são permacultores que buscam garantir a sobrevivência e a sustentabilidade nesses novos espaços, como meio de viabilizar sua autonomia, principalmente alimentar e hídrica, mas também em relação a outras necessidades. Esta pesquisa busca compreender como a permacultura através de sua ética e princípios de planejamento – que reúnem um arcabouço baseado em sustentabilidade social e econômica e numa busca da cultura de respeito à natureza, incluindo o ser humano – influenciou esses neorrurais em sua sustentabilidade e permanência no campo, comparados às suas comunidades, no caso de 10 dessas situações localizadas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, no sul do Brasil. Através de um levantamento de dados locais comparados às médias da região, das condições atuais, socioeconômicas e ambientais, de um registro da história oral, da utilização do MESMIS Permacultural e de fluxos de energias (e emergia) em cada unidade, este trabalho enfoca questões históricas e informações comparativas das motivações e escolhas de formas de planejamento das unidades em seus contextos, tentando também compreender a resiliência e o autoconsumo em cada unidade neorrural. Assim avalia a influência da permacultura nas decisões desses novos rurais, tanto em relação à mudança para o campo quanto em relação às técnicas adotadas e suas influências na sustentabilidade da propriedade rural e arredores. Enfim, verifica que a permacultura, como encorajadora de um novo ruralismo, resulta em viabilidade social e ambiental e, em alguns casos, em viabilidade econômica de novas propriedades rurais, influenciando assim na mudança do local pela presença de uma nova massa crítica, o que as diferencia das propriedades neorrurais convencionais do Brasil, que em geral enfocam na viabilidade econômica com menor preocupação socioambiental.